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Putin fez "chantagem" e inverno na Europa será difícil após corte de gás russo, diz imprensa francesa

Os principais jornais franceses desta quarta-feira (27) tratam da preocupação da União Europeia com a probabilidade da escassez de gás nos países do bloco, nos próximos meses. O corte no fornecimento do produto pela Rússia está começando hoje.

Tubulações do gasoduto Nord Stream 1 em Lubmin, na Alemanha, em 8 de março de 2022.
Tubulações do gasoduto Nord Stream 1 em Lubmin, na Alemanha, em 8 de março de 2022. REUTERS - HANNIBAL HANSCHKE
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"A Europa em dificuldade diante da chantagem de Putin" é a manchete de capa do jornal Le Figaro. Para o diário, "o cenário mais desfavorável está próximo" e o plano energético elaborado pela Comissão Europeia será insuficiente se o inverno for rigoroso.

A tensão cresceu entre os países da União Europeia e Moscou na segunda-feira (25). Depois de ter reativado na semana passada, o gasoduto Nord Stream 1, que liga a Rússia à Alemanha, a gigante russa Gazprom anunciou uma nova redução no fornecimento de gás. A partir desta quarta-feira, a capacidade do gasoduto, que funcionava a 40% passará a 20%.

A Gazprom alega que a diminuição na exportação do produto se deve a problemas técnicos, mas vários dirigentes europeus contestam, destaca Le Figaro. Entrevistado pelo jornal, o professor da Sciences Po de Paris, Thierry Bros, especialista em geopolítica da energia, avalia que o presidente russo, Vladimir Putin, utiliza o gás para criar um clima de incerteza na Europa: "os preços da energia subiram, há ameaça de recessão e os lucros para a Rússia são altos".

Negociações com outros fornecedores

A preocupação com o fornecimento de gás russo na Europa também está na capa do jornal Libération. O diário destaca as negociações de Bruxelas com outros possíveis exportadores do produto, como o Azerbaijão, a Argélia, o Catar e a Arábia Saudita. No entanto, "essa diversificação não será suficiente para evitar uma redução no consumo", publica Libé.

Em editorial, o jornal não poupa críticas à estratégia dos líderes ocidentais de se aproximarem de países conhecidos pelo desrespeito aos direitos humanos e por práticas corruptas.

O diário cita como exemplo a recente viagem do presidente americano, Joe Biden, ao Oriente Médio, onde ele se reuniu com o príncipe herdeiro saudita Mohamed Bin Salman. Cita também o encontro entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e o dirigente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed ben Zayed Al Nahyane, em Paris. 

"A doutrina política é a mesma", afirma o editorial. "A guerra na Ucrânia mudou o equilíbrio geopolítico da energia mundial: os ocidentais, e principalmente os europeus, perceberam que dependem da Rússia (...) e que se eles quiserem parar de financiar a guerra comprando o gás russo, devem encontrar outros fornecedores", diz. 

Aumento de preços

O jornal econômico Les Echos destaca que os preços do gás e da energia elétrica já disparam na Europa. Além do contexto da guerra na Ucrânia, a diminuição da produção nuclear e as ondas de calor fazem com que os países do bloco enfrentem cada vez dificuldades no setor energético.

No total, a demanda de eletricidade cresceu 3% na Europa desde o início de julho, que pode se tornar o mês mais caro já registrado até hoje no mercado da energia da Alemanha, França e Itália, aponta o diário. "A menos que os governos optem por dispositivos que protejam o consumidor, o choque será inevitável", conclui Les Echos

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