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Ucranianos voltam para Kiev, mas EUA alertam que Putin quer ir até a Moldávia

Mais de oito milhões de ucranianos tiveram de deixar suas casas e encontrar abrigo em outras regiões do país, desde o início da invasão russa, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Os civis se afastaram, principalmente, das regiões sul e leste, as mais atingidas pelos combates. Após ter sido esvaziada de quase metade de sua população, alguns moradores começam a retornar a Kiev. Porém, a guerra está longe de acabar, afirma o serviço secreto americano.

Natalia, Sergei e seus dois filhos acabaram de voltar para Kiev, depois de passarem mais de dois meses no oeste do país.
Natalia, Sergei e seus dois filhos acabaram de voltar para Kiev, depois de passarem mais de dois meses no oeste do país. © RFI/Sami Boukhelifa
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Murielle Paradon e Sami Boukhelifa, enviados especiais da RFI à Ucrânia

Atualmente, a situação na capital da Ucrânia é muito mais calma do que no início da invasão russa. As sirenes, no entanto, seguem alertando a população para o risco de bombardeio.

De volta à cidade, Sergei e a esposa Natalia relembram o dia 24 de fevereiro, quando acordaram ao som de explosões. “Nós entendemos imediatamente que a guerra havia começado. Então, tomamos a decisão de deixar Kiev, porque é a capital com certeza seria um alvo”, dizem. “Reunimos algumas coisas para as crianças e pegamos a estrada para o oeste, sem saber exatamente para onde estávamos indo. Nosso objetivo era apenas fugir", contam.

Natalia e as crianças não quiseram deixar o país sem Sergei. Homens com idades de 18 a 60 anos não podem sair da Ucrânia. Depois de dois meses no oeste do país, em áreas relativamente poupadas dos combates, a família decidiu voltar para casa. Um retorno prematuro, segundo Natalia.

“Todo mundo diz que a situação ainda é perigosa em Kiev. Tememos um ataque nuclear. E tenho muito medo de que isso aconteça. Não acredito que estejamos completamente seguros. Muitos de nossos amigos estão planejando voltar para Kiev, mas não imediatamente”, diz.

"Antes da guerra, Kiev tinha 3,5 milhões de habitantes, quase dois terços retornaram", informou o prefeito Vitali Klitschko. Apesar do toque de recolher em vigor, dos controles nas estradas, as pessoas "podem de fato voltar, se essas circunstâncias não as assustam", explicou. Klitschko diz que não pode proibir os moradores de Kiev de retornarem, mas pediu cautela. "Se você tem a oportunidade de estar em um local mais seguro, onde não há risco para sua vida e sua saúde, por favor, fique", insistiu.

Mulher caminha ao lado de barricadas no centro de Kiev. Em 9 de maio de 2022.
Mulher caminha ao lado de barricadas no centro de Kiev. Em 9 de maio de 2022. REUTERS - CARLOS BARRIA

No dia 10 de março, duas semanas depois do início da invasão russa, o prefeito de Kiev havia informado que metade da população da cidade fugira e que "pouco menos de dois milhões de pessoas haviam permanecido" na capital. Além dos deslocados internos, no início de maio, a OIM estimava que cerca de 5,6 milhões de ucranianos tinham deixado o país para fugir do conflito.

Putin vai longe na guerra

O presidente russo, Vladimir Putin, não tem a intenção de acabar com a guerra da Ucrânia com a campanha no Donbass (leste) e quer estabelecer uma ponte terrestre para a Transnístria, um enclave separatista na Moldávia, onde o Kremlin mantém soldados desde a década de 1990. A afirmação é da diretora de inteligência dos Estados Unidos, Avril Haines.

De acordo com essa fonte, Putin espera uma redução do apoio ocidental à Ucrânia e se prepara para uma guerra longa, para a qual "provavelmente" deve impor uma lei marcial na Rússia. "As tropas russas não poderão chegar à Transnístria e incluir Odessa sem decretar uma forma de mobilização geral", explicou ela.

O presidente russo "provavelmente conta com um enfraquecimento da determinação dos Estados Unidos e da União Europeia, quando a escassez de bens alimentares e o aumento dos preços da energia se agravarem", alertou.

As ambições de Putin excedem as capacidades militares russas, disse ela, e isso "provavelmente significa que nos moveremos nos próximos meses em uma trajetória mais imprevisível e potencialmente para uma escalada", acrescentou Haines.

"Continuamos acreditando que o presidente Putin só autorizará o uso de armas nucleares se perceber uma ameaça existencial para o Estado ou o regime russo", acrescentou Haines, em um discurso no Congresso americano.

(Com informações da AFP e da RFI)

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