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Refugiados sírios criticam tratamento "diferenciado" na Europa: "Também estamos fugindo de uma guerra"

Nesta terça-feira (15), faz 11 anos do início dos protestos contra o presidente Bashar al-Assad, na Síria.  Em 15 de março de 2011, no contexto da Primavera Árabe, uma primeira manifestação contra o regime ocorreu na cidade de Deraa. De lá para cá, o movimento pacífico se tornou uma guerra civil, que já deixou 500 mil mortos.

O acampamento de Pournara, no Chipre, foi projetado para acomodar 1.200 exilados. Hoje, 2.500 refugiados vivem no local em condições precárias.
O acampamento de Pournara, no Chipre, foi projetado para acomodar 1.200 exilados. Hoje, 2.500 refugiados vivem no local em condições precárias. © Noé Pignède/RFI
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A rebelião foi reprimida na maior parte da Síria. Apenas o enclave de Idlib ainda resiste. Porém, a crise econômica que assola o país continua a empurrar os sírios para o exílio.

Na ilha de Chipre, a cerca de cinquenta quilômetros da costa síria, dezenas de exilados chegam todos os dias em barcos improvisados. Mahmoud, 30 anos, deixou Aleppo há dois meses:“Eu, saí por causa da pobreza. E quero continuar meus estudos. Mas o regime queria me forçar a ficar 8 anos no exército. Recuso-me a lutar contra meus compatriotas”, disse ele ao enviado especial da RFI, Noé Pignède, que conversou com vários sírios, às portas da União Europeia.

Mahmoud veio de Aleppo. Ele sonha em obter asilo na Europa e trazer a esposa e os filhos.
Mahmoud veio de Aleppo. Ele sonha em obter asilo na Europa e trazer a esposa e os filhos. © Noé Pignède/RFI

Exaustos, eles contam que partiram em busca de uma vida melhor. “Foi a viagem da morte. Ficamos 4 dias no mar. O motor falhou. Víamos o sol se pôr... a lua nascer... E nada. Estávamos cercados de água. Tínhamos perdido a esperança de chegar ao continente”, diz Habib, 20 anos.

Os refugiados contam que a Síria se tornou um país inabitável. Falta água, eletricidade e alimentos. Depois de 11 anos de guerra, Fahed preferiu a travessia pelo mar, mesmo enfrentando risco de vida. Contudo, o que ele encontrou no Chipre também o decepciona.

“Este acampamento é o pior acampamento do mundo. Tenho medo de morrer. Se eu soubesse, nunca teria vindo. Deixei tudo para vir: minha família, meus filhos. Mas, na verdade, aqui é pior do que em casa”, lamenta.

Hoje, todos esses exilados sírios veem as imagens das ondas de refugiados da Ucrânia, que ao fugir da guerra são acolhidos pela União Europeia. Desde o início da invasão russa, 2,8 milhões de ucranianos deixaram seu país. Para os sírios, impossível não fazer comparações com a própria situação. “Por que somos tratados de forma diferente? Nós também estamos fugindo de uma guerra”, se perguntam.

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