Ucrânia: Europa tem fluxo de refugiados mais acelerado desde a Segunda Guerra

O número de pessoas que fugiram do conflito na Ucrânia superou a barreira de 1,5 milhão, o que constitui a crise de refugiados mais acelerada desde a Segunda Guerra Mundial, anunciou o alto comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi, neste domingo (6). O Vaticano, o papa Francisco lamentou os “rios de sangue” na Ucrânia.

Refugiados chegam a Medyka, na fronteira com a Polônia. (28/02/2022) AP - Visar Kryeziu

No sábado (5), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) havia anunciado ter contabilizado um total de 1,37 milhão de refugiados. As autoridades esperam um fluxo ainda mais intenso nos próximos dias, consequência da ofensiva do exército russo, especialmente em Kiev, a capital ucraniana.

A Polônia é o principal país de recepção para os refugiados do conflito. Desde 24 de fevereiro, dia do início da invasão da Ucrânia pela Rússia, 922.400 pessoas que fugiram do conflito entraram no território polonês, segundo a Guarda de Fronteira.

No sábado, foi registrado um recorde de 129 mil entradas na Polônia, a maioria ucranianos, mas também poloneses, uzbeques, bielorrussos, indianos, nigerianos, argelinos, marroquinos, afegãos, paquistaneses, americanos e russos, informou a fonte. A ONU estima que mais de 4 milhões de pessoas podem querer deixar a Ucrânia para escapar da guerra. No sábado, as Nações Unidas revelaram que 18 milhões de pessoas são atingidas pelo conflito.

Ataques a centros de saúde

Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu nesta manhã que os ataques contra centros médicos na Ucrânia estão em alta, “fazendo mortos e feridos”. “Os ataques contra instalações médicas ou profissionais da saúde violam a neutralidade médica e constituem violações do direito humanitário internacional”, frisou o secretário-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pelo Twitter.

A organização já enviou reforços para a Moldávia e a Romênia, além da Polônia, para fazer face ao aumento da demanda por ajuda.

Mulher carrega o filho bebê na fronteira da Ucrânia com a Polônia, em Medyka. (06/03/2022) AP - Visar Kryeziu

Papa Francisco clama por população civil

O papa Francisco lamentou neste domingo os "rios de sangue e de lágrimas" que correm na Ucrânia e pediu a instauração de corredores humanitários para a população civil.

"Rios de sangue e lágrimas correm na Ucrânia, não se trata apenas de uma operação militar, e sim de uma guerra que que semeia morte, destruição e miséria", disse o papa depois da oração do Angelus. Bandeiras ucranianas eram vistas no público reunido na Praça São Pedro.

Francisco pediu a instauração de "verdadeiros corredores humanitários" para ajudar a população. “Há cada vez mais vítimas, assim como pessoas em fuga, particularmente mulheres e crianças. A necessidade de assistência humanitária nesse país martirizado cresce de hora em hora, de maneira dramática”, ressaltou, antes de “implorar” pelo fim dos combates.

O papa defendeu a “retomada das negociações, do senso comum e o respeito ao direito internacional”. Também agradeceu aos jornalistas que "colocam suas vidas em perigo" para informar ao mundo sobre os acontecimentos na Ucrânia.

Com informações da AFP