Adiado julgamento de participante de Big Brother espanhol acusado de agressão sexual; caso gerou fim do reality no país
O esperado processo de um participante da versão espanhola do programa Big Brother, acusado de ter agredido sexualmente, em 2017, outra candidata deveria ser aberto nesta terça-feira (8), em Madri, mas foi suspenso devido ao estado psicológico da vítima. O caso gerou comoção na Espanha pela forma em que foi tratado pelo canal de tevê e causou o fim do reality no país.
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O advogado de Carlota Prado entregou ao tribunal um "relatório sobre os problemas psiquiátricos" de sua cliente, que seriam decorrentes do trauma que sofreu. Um porta-voz das autoridades judiciárias indicou que a vítima "não estava em condições de responder" e não indicou quando o processo retomaria.
A agressão aconteceu durante as gravações do programa Gran Hermano (Big Brother em espanhol), em 2017. O reality era transmitido pelo canal de tevê Telecinco, de maior audiência no país.
Prado acusou José María López, com quem tinha um relacionamento "há aproximadamente 50 dias", de acordo com o Ministério Público, de tê-la agredido sexualmente em um dos quartos, diante das câmeras, enquanto ela estava "em estado de embriaguez (…) evidente".
Segundo a procuradoria, López é acusado de "delito de abuso sexual".
Durante a cena que foi filmada, Pardo "levantou duas vezes a mão para pedir que (o acusado) parasse" e "balbuciou ‘Eu não posso’", escreveu a procuradoria em um comunicado. Após 10 minutos, quando a jovem levantou o edredom, "um dos membros da produção encarregado de visualizar os vídeos interveio" vendo "o estado de inércia" de Prado.
Escândalo
O caso, que foi um dos maiores escândalos da tevê espanhola, gerou controvérsia no país pela forma como a produtora Zeppelin TV e Telecinco trataram o ocorrido dentro da casa. Depois disso, o programa deixou de ser emitido de maneira indefinida.
As imagens não foram divulgadas ao público e a história explodiu dois anos após as filmagens quando a imprensa revelou, em 2019, que a jovem tinha sido obrigada a comentar, no dia seguinte, a cena diante de uma câmera do "confessionário".
Um vídeo do interrogatório foi revelado por um site mostrando Prado implorando, aos prantos, que parassem a difusão das imagens.
"Eles nunca me perguntaram se eu queria ver isso… eu teria dito não", explicou na época a vítima.
O candidato foi expulso da emissão e Endemol Shine Group, proprietária da empresa que produz o programa, declarou, em 2019, que "lamentava que a conversa" durante a qual Prado "foi informada (sobre a agressão) tinha sido feita no confessionário".
Os advogados de Prado pedem sete anos de prisão por um delito de abusos sexuais com agravante para López e € 100.000 a Zepeling TV e o mesmo valor ao acusado por danos morais causados à ex-participante do reality show.
Já o Ministério Público pede dois anos e meio de prisão, além de € 6.000 de perdas e danos para o acusado e a mesma soma à produtora do programa.
Big Brother Brasil
O Big Brother Brasil também já foi palco de casos similares ao da versão espanhola do programa. O mais recente foi no ano passado, quando o participante Petrix Barbosa foi intimado a prestar depoimento em delegacia por episódios de assédio sexual dentro da casa.
Mas o caso de maior repercussão foi o de um possível estupro sofrido por Monique Amin pelo modelo Daniel Echaniz. Na época, os dois chegaram a ser ouvidos pela polícia, mas negaram relações sem consentimento.
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