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Sanções econômicas à Rússia podem evitar uma guerra contra a Ucrânia?

Diante da ameaça de uma invasão russa na Ucrânia, os países da Europa e os Estados Unidos planejam uma enxurrada de sanções econômicas contra a Rússia para evitar o conflito armado. Enquanto isso, no entanto, mais armamentos e militares são enviados para a região. Nesta quarta-feira (2), os EUA anunciaram o envio de outros 3 mil soldados para reforçar a frente defensiva da Otan.

O presidente ruso, Vladimir Putin, durante uma coletiva de imprensa em Moscou, no dia 1° de fevereiro de 2022
O presidente ruso, Vladimir Putin, durante uma coletiva de imprensa em Moscou, no dia 1° de fevereiro de 2022 YURI KOCHETKOV POOL/AFP
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Dominique Baillard, da RFI

A tentativa de dobrar o Kremlin afetando a economia russa não é novidade nesta relação tensa. Em 2014, esta foi a medida adotada pelas potências da Otan após a Rússia anexar a Crimeia. O resultado não foi o esperado, Putin não recuou militarmente diante de um ataque que enfraqueceu a economia russa sem causar a quebra de bancos russos ou afetar duramente os milionários do país.

Desta vez, se quiserem saldo melhor, os países terão de preparar cuidadosamente uma ofensiva econômica calibrada para doer nos bolsos que importam.

Bancos russos estão no radar norte-americano

O Congresso dos EUA pretende atacar a Rússia fortemente, mas se concentrando em sanções financeiras.

Nesta estratégia, os bancos russos podem ser colocados na lista negra norte-americana das instituições financeiras. Assim, os parceiros comerciais seriam rapidamente convencidos a não trabalhar com tais bancos. Os efeitos de tal medida podem ser devastadores para a economia do país de Putin: paralisia financeira, corte de acesso à economia internacional, e queda do rublo.

O inconveniente é que um grande ataque a bancos russos afetaria fortemente a população russa, o que seria desastroso para os Estados Unidos como imagem internacional.

O mais provável é que tais sanções não atinjam todos as instituições financeiras do país. Os dois grandes bancos, Sberbank, o maior banco privado da Rússia, e o VTB estão na lista de alvos potenciais, mas poderiam ser poupados.

Expulsão do círculo de transação internacional

Dentre as alternativas de sanções que estão em cima da mesa, a opção mais radical é a de excluir a Rússia do sistema Swift, o sistema que permite transações financeiras internacionais. Este é considerado o botão de ataque nuclear da guerra econômica.

Apesar de estar na lista norte-americana, os países europeus são contrários a esta solução. O receio é que diante de um ataque tão violento, Moscou também reaja de maneira drástica interrompendo, por exemplo, o abastecimento de gás para a Europa.

Uma retaliação dessas faria o preço da energia, que já subiu recentemente, explodir e aprofundaria a inflação que voltou à zona do euro. Essa mistura seria o bastante para interromper de forma permanente a recuperação do bloco econômico no pós-pandemia.

Os alemães, principal consumidor europeu de gás e petróleo russo, estão fazendo tudo para evitar essa possibilidade.

Sanções são arma contra quem?

Ao mesmo tempo, se os países europeus decidissem impor um embargo ao petróleo e ao gás russo, como fazem com os recursos do Irã, este seria um golpe duro para a economia da Rússia e para as bases do governo de Putin. O problema é que isso também destruirá as economias europeias.

As sanções impostas à Rússia em 2014 são um grande aprendizado no desenho das novas estratégias. Naquele momento, quando o oligarca Oleg Deripaska foi listado como persona non grata pelos países da Europa e pelos EUA, os preços do mercado de alumínio foram imediatamente às alturas. A empresa de Deripaska, Rusal, é o segundo maior produtor mundial.

As potências europeias e norte-americana podem ter sucesso em frear uma invasão com as ameaças de sanções econômicas. No entanto, se for necessário usá-las, a história mostra que em um mundo globalizado, é preciso muito cuidado: os danos podem afetar muito além dos alvos pretendidos.

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