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Crise dos migrantes: tensões entre Londres e Paris aumentam após mensagem de Johnson a Macron

A escalada de tensões entre Paris e Londres teve mais um capítulo nesta sexta-feira (26). A França cancelou a participação britânica em uma reunião de crise sobre migrantes prevista no domingo (28) em represália à publicação em rede social de uma carta do primeiro-ministro britânico Boris Johnson ao presidente Emmanuel Macron. No texto, o premiê pede que a França receba de volta os migrantes que chegam à Inglaterra.

O presidente francês Emmanuel Macron (d) se disse surpreso com a publicação de uma carta sobre o tema da crise migratória no Twitter pelo premiê britânico Boris Johnson.
O presidente francês Emmanuel Macron (d) se disse surpreso com a publicação de uma carta sobre o tema da crise migratória no Twitter pelo premiê britânico Boris Johnson. Christopher Furlong POOL/AFP/File
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Na carta, enviada e publicada na quinta-feira (25), Johnson pede a Macron que estabeleça “um acordo bilateral de readmissão que permita o retorno de todos os migrantes ilegais que atravessam a Mancha”, citando acordos similares concluídos pela União Europeia como Belarus e a Rússia.

Além do teor da carta, a publicação incomodou o governo francês. “Estou surpreso com os métodos porque não são sérios”, disse Macron, em visita à Roma. “Um dirigente não se comunica com outro sobre estas questões por tuítes e cartas que são posteriormente divulgadas, não somos delatores”, disse o presidente francês.  

Em uma mensagem à ministra britânica do Interior, Priti Patel, o encarregado da pasta na França, Gérald Darmanin, disse estar “decepcionado” com as exigências do primeiro-ministro e julgou “ainda pior” o fato que tenham sido divulgadas publicamente.“Em consequência, eu devo anular nosso encontro de domingo em Calais (norte da França), tenho certeza que você entenderá a razão”, concluiu Darmanin.

A morte em um naufrágio, quarta-feira (24), de ao menos 27 migrantes que tentavam chegar à Inglaterra, atravessando o Canal da Mancha, reacendeu as tensões entre Paris e Londres, já bastante atiçadas por questões ligadas a licenças de pesca em águas britânicas.

O incidente foi a pior tragédia envolvendo migrantes, desde 2018. O número de travessias no Canal cresceu devido ao aumento da segurança nos portos franceses, em Calais, e no túnel ferroviário que liga a França à Inglaterra.

Política interna

Apesar das afirmações firmes, Londres pediu sexta-feira a Paris que restabeleça o convite à ministra britânica do Interior à reunião prevista em Calais com os ministros encarregados da imigração da Bélgica, Alemanha, Holanda e a Comissão Europeia.

“Nenhuma nação pode atacar este problema sozinha. Espero que os franceses reconsiderem (sua decisão). É de nosso interesse. É do interesse deles”, declarou o ministro britânico de Transportes Grant Shapps.

Mas o ministério do Interior francês se manteve firme e disse que a reunião estava confirmada, mas “sem os britânicos”. “O problema ultrapassa nossas fronteiras. Por isso vamos trabalhar sobre soluções comuns a partir de domingo com nossos parceiros europeus”, disseram fontes do ministério à AFP. Segundo elas, “o governo britânico escolheu fazer política interna em um momento onde nossa única prioridade deveria ser evitar novos dramas na Mancha. Nós lamentamos.”

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