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Crise energética: UE quer amortecer impacto da alta dos preços sem sacrificar o clima

Os preços do gás continuam subindo na França (imagem ilustrativa).
Os preços do gás continuam subindo na França (imagem ilustrativa). AFP - ERIC PIERMONT
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Ao mesmo tempo em que Moscou diz que está pronta para ajudar a União Europeia a amortecer o aumento dos preços da energia, Bruxelas revelou nesta quarta-feira (13) um arsenal de medidas temporárias e delineia caminhos para reformas que possam contornar a crise energética do bloco, mas sem sacrificar suas ambições ambientais.

Enquanto o preço do gás, impulsionado pela escassez de oferta, bateu recordes históricos, impulsionando os preços da eletricidade e ameaçando inviabilizar a recuperação econômica do continente, a Comissão Europeia apresentou "ferramentas" às quais os 27 Estados membros são convidados a recorrer, com o objetivo de aliviar as contas dos consumidores mais vulneráveis.

Bruxelas, em particular, incentiva os Estados a reduzir os pesados ​​impostos sobre a energia - incluindo o IVA - e a apoiar as famílias por meio de vales-energia, ou adiamento de contas.

“Pode parecer um fardo para os Estados que estão se recuperando da pandemia, mas eles podem aproveitar a receita do mercado de carbono, onde os fornecedores de energia compram 'direitos de poluir'”, explicou o comissário de Energia do bloco, Kadri Simson.

Segundo a Comissão, o forte aumento do preço do CO2 permitiu à UE obter um total de € 26,3 mil milhões em receitas nos primeiros nove meses de 2021, ou quase € 11 bilhões adicionais ao longo de um ano.

No entanto, essas medidas temporárias devem ser "bem direcionadas" e "facilmente ajustáveis" para "evitar interferir na dinâmica do mercado" e não enfraquecer o apoio às energias renováveis, alerta a Comissão.

Por sua vez, as ONGs lamentam o caráter opcional da ajuda oferecida: “Estas alternatvias são uma gota no oceano para quem vai passar o inverno na miséria energética”, lamentou Martha Myers, da ONG Amigos da Terra.

Reabastecer estoques

Bruxelas estava sob pressão de alguns membros do bloco para apresentar linhas de reforma mais ambiciosas, que seriam examinadas na cúpula europeia de 21 a 22 de outubro. Paris deseja, em particular, rever as regras do mercado comum da eletricidade, desarticulado dos preços mundiais dos combustíveis fósseis, e pede uma "dissociação" entre os preços da eletricidade e os do gás.

A Comissão manteve-se cautelosa na quarta-feira, julgando o atual sistema "eficaz" na contribuição para o financiamento das energias de baixo carbono. Bruxelas recomenda "uma análise aprofundada" das suas "vantagens e desvantagens".

A reforma do mercado, que levaria tempo, "claramente não é uma solução para a crise atual", acrescentou Andreas Rudinger, pesquisador do IDDRI (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais), que lembra que uma França desconectada dos mercados europeus correria o risco de um apagão em períodos de frio extremo.

Ao mesmo tempo, o presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira que estava pronto para aumentar as exportações para a Europa - mesmo se os fornecedores russos - importante player no mercado mundial, se recusam a fazê-lo até agora.

Para preparar a UE para futuros choques energéticos, a Comissão também propôs formas de reforçar as reservas europeias de gás e verificar se a sua utilização é "otimizada", embora nem todos os Estados tenham instalações de armazenamento.

Acelerar a transição

Se, no futuro imediato, os estoques forem considerados "pequenos", mas "adequados para cobrir as necessidades de inverno", Bruxelas quer fortalecer a solidariedade entre os Estados membros, e trabalhar em um sistema "voluntário" de abastecimento conjunto de estoques europeus - sem objetivo vinculativo, ao contrário da "reserva estratégica", exigida por Madri.

As compras em grupo de gás também serão estudadas, mas novamente de forma voluntária, devido ao desafio de fazer com que operadoras de energia rivais cooperem.

Com informações da AFP

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