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Morre em Portugal ex-presidente Jorge Sampaio, articulador da independência de Timor-Leste

Morreu em Portugal nesta sexta-feira (10) o ex-chefe de Estado português, Jorge Sampaio, presidente da República durante dois mandatos, entre 1996 e 2006. Sampaio se destacou pela forma como acompanhou a transição de Macau e o processo da independência de Timor-Leste, considerado o maior êxito da diplomacia portuguesa.

O então presidente português Jorge Sampaio em sua chegada a um hotel em Lima para uma cúpula ibero-americana, no dia 23 de novembro de 2001 na capital peruana.
O então presidente português Jorge Sampaio em sua chegada a um hotel em Lima para uma cúpula ibero-americana, no dia 23 de novembro de 2001 na capital peruana. Eitan Abramovich AFP/Archivos
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Jorge Sampaio, que tinha 81 anos, estava internado no Hospital de Santa Cruz, na capital portuguesa, desde o dia 27 de agosto, depois de ter sentido dificuldades respiratórias.

Nascido em Lisboa em 1939, foi eleito em 1989 líder do Partido Socialista português. Na mesma época, foi também eleito presidente da Câmara de Lisboa e reeleito em 1993.

Depois da passagem pela Presidência da República, Jorge Sampaio foi nomeado em 2006 pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas enviado especial para a Luta contra a Tuberculose. Entre 2007 e 2013, ele foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações. 

Recentemente, Sampaio presidia a Plataforma Global para os Estudantes Sírios, que escapam da guerra e estudam em Portugal.

O maior êxito da diplomacia portuguesa: a independência de Timor-Leste

Jorge Sampaio fica na história pela forma como dirigiu a transição de Macau e o processo da independência de Timor-Leste, sendo agraciado com o Grande Colar da “Ordem de Timor-Leste”, em “profundo reconhecimento” pela “solidariedade e apoio activo” na luta pela independência.

Na visita ao país, em 2000, o ex-presidente português se comprometeu a “reconstruir esta pátria destruída" e a "arranjar emprego e escolas para as crianças de quem depende o futuro de Timor”.

Reações de chefes de Estado

Jorge Sampaio foi desde muito jovem um defensor da liberdade, integrando a luta contra a ditadura de Salazar em Portugal, e, enquanto presidente, destacou-se mundialmente pela defesa da independência de Timor Leste. 

Ramos-Horta, ex-presidente timorense, recordou em entrevista à RFI um homem que sempre esteve ao lado do seu país. "Estive com ele inúmeras vezes. Nos anos mais difíceis de Timor-Leste, nos anos mais esquecidos, em que o Timor não era matéria de primeira página nem em Portugal, quanto mais no resto do mundo, Jorge Sampaio desde cedo, pela sua alma, pela sua personalidade de humanista, sempre se preocupou e se solidarizou com Timor-Leste", recordou Ramos-Horta.

Jorge Sampaio também tinha laços profundos de amizade com os outros países da comunidade lusófona. Pedro Pires, ex-presidente de Cabo Verde, era amigo de Jorge Sampaio e fala em um homem "generoso". "Era uma pessoa de uma grande simplicidade, generososo, leal, fiel ao amigos. É mais um amigo que desaparece", lamentou Pires.

"Éramos amigos, tive relações de grande proximidade com ele quando ele era líder do Partido Socialista, depois como Presidente da Câmara de Lisboa e, por fim, como Presidente da República. Tínhamos um relação de cumplicidade. Para mim é uma grande perda pessoal, mas também acredito que seja para Portugal e para o povo português", disse o ex-presidente de Cabo Verde.

João Lourenço,o autal presidente de Angola, também lamentou a morte do estadista português. “Foi com um profundo sentimento de pesar que tomei conhecimento do falecimento, por doença, de Jorge Sampaio, personalidade de grande relevo na vida democrática portuguesa”, escreveu Lourenço em nota oficial.

O atual Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca. juntou-se às homenagens públicas: "Perde-se um grande democrata, estadista, amigo de Cabo Verde e do mundo da língua portuguesa", declarou o chefe de Estado cabo-verdiano.

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