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Aumentam tensões entre Paris e Londres sobre imigração clandestina pelo Canal da Mancha

O governo francês preveniu nesta quinta-feira (9) o Reino Unido de que não aceitaria nem “chantagem financeira”, nem infração ao direito internacional na luta bilateral contra a imigração clandestina, em resposta à ameaça de Londres de enviar de volta à França barcos de imigrantes.

Um grupo de migrantes, entre eles crianças, é escoltado após ser recolhido por um barco de salva-vidas britânicos quando atravessavam o Canal da Mancha, em 7 de setembro de 2021 em uma praia de Dungeness, Inglaterra.
Um grupo de migrantes, entre eles crianças, é escoltado após ser recolhido por um barco de salva-vidas britânicos quando atravessavam o Canal da Mancha, em 7 de setembro de 2021 em uma praia de Dungeness, Inglaterra. Ben STANSALL AFP
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A escalada de tensões começou após a conclusão de um acordo de cooperação em julho através do qual, autoridades britânicas se compromenteram a pagar € 62,7 milhões à França entre 2021 e 2022, para reforçar a repressão na fronteira entre os dois países.

As travessias do Canal da Mancha a bordo de embarcações improvisadas entre os dois países aumentaram. Segundo o departamento marítimo responsável pela Mancha e pelo Mar do Norte, mais de 9.500 migrantes tentaram atravessar em 2020, quatro vezes mais que em 2019. Em 2021, mais de 7.000 pessoas tentaram atravessar o canal.

Um responsável do governo britânico declarou, sob anonimato, que o Executivo do Reino Unido aprovou planos para redirecionar as embarcações para o litoral francês.

A polícia de fronteira (Border Force) seria formada para forçar as balsas a se afastar das águas territoriais britânicas. Mas estas táticas seriam usadas somente quando consideradas segurans, segundo o responsável.

O procurador geral temporário da Inglaterra e do País de Gales, Michael Ellis, deveria determinar os fundamentos jurídicos necessários para a estratégia.

Advertência

A ministra britânica do Interior, Priti Patel, declarou esta semana ao Parlamento britânico que o financiamento prometido à França seria bloqueado enquanto Paris não impedisse a maior parte das travessias até fim de setembro.

Uma advertência denunciada pelo ministro francês da mesma pasta, Gérald Darmanin, que mostrou preocupação, em um comunicado, com “uma grave perda de confiança” na cooperação entre Londres e Paris.

“As modalidades desse financiamento foram negociadas em detalhes com a parte britânica e nunca foi questão de condicionar o pagamento a objetivos”, destacou.

Nesta quinta-feira, a tensão aumentou após dois tuítes de Darmanin. “A França não aceitará nenhuma prática contrária ao direito do mar e nenhuma chantagem financeira. O compromisso da Grã Bretanha deve ser mantido. Eu disse claramente à ministra britânica”, escreveu.

“A amizada entre nossos dois países merece melhor que posturas que atrapalhem a cooperação entre nossos serviços”, acrescentou. Os dois ministros se encontraram quarta-feira (8) às margens da reunião do G7 em Londres. Os procedimentos de reenvio são contrárias ao Direito internacional e perigosas para os migrantes, sublinhou Paris.

Em carta revelada pela imprensa britânica, Darmanin declara que “a proteção de vidas humanas no mar prima sobre considerações de nacionalidade, de estatuto e de política migratória”.

(Com informações da AFP)

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