Enfermeira é suspeita de ter injetado soro em vez de vacina anticovid na Alemanha

Enquanto tenta aumentar o número de pessoas vacinadas contra a Covid-19, a Alemanha enfrenta um escândalo na campanha de imunização. Uma enfermeira é suspeita de ter aplicado uma solução salina em lugar do imunizante anticovid em milhares de pessoas no nordeste do país.

Enfermeira antivacina teria aplicado uma solução salina em pacientes idosos do nordeste da Alemanha. AP - Marijan Murat

O caso aconteceu em Friesland, distrito da Baixa Saxônia, nordeste da Alemanha. Segundo uma reportagem do jornal Der Tagesspiegel, uma investigação policial teria apontado que uma enfermeira da Cruz Vermelha teria aplicado uma solução salina nos pacientes que aguardavam a vacina contra a Covid-19. Nas redes sociais, a enfermeira já teria publicado diversas mensagens negacionistas contra a imunização.

De acordo com o distrito de Friesland, a enfermeira teria trabalhado na campanha de vacinação entre 5 de março e 20 de abril. Nesse período, quase 8.600 pessoas podem ter recebido uma injeção de soro em lugar da vacina.

O escândalo foi descoberto ainda em abril, quando a enfermeira confessou a um colega ter aplicado a solução salina em seis pessoas para dissimular a perda de um frasco da vacina Pfizer-BioNTech que caiu no chão. Segundo a investigação policial, a enfermeira teria dito que a aplicação do soro foi uma maneira de não ter que contar aos outros que ela havia derrubado um frasco de vacina anticovid.

No entanto, continua a reportagem do Der Tagesspiegel, a polícia encontrou diversas mensagens compartilhadas pela profissional em que critica a campanha de vacinação e utiliza argumentos negacionistas, o que coloca em dúvida se a enfermeira teria aplicado falsas vacinas como forma de ação antivax. O departamento de crimes com motivação política vai assumir a investigação.

Idosos seriam maioria dos afetados

No período em que trabalhou na campanha de vacinação, a enfermeira atendeu sobretudo à população com mais de 70 anos, além dos profissionais que trabalham na área da saúde e da educação.

As autoridades médicas da região vão enviar um aviso a cada um dos possíveis afetados e pedem que todas as pessoas que foram atendidas pela enfermeira sejam revacinadas, principalmente a população idosa.

O escândalo atinge a Alemanha em um momento em que o governo tem dificuldade para ampliar o percentual de vacinados. Com um forte movimento negacionista e contrário à vacinação e ao uso de máscaras, o país germânico conseguiu até o momento imunizar completamente 56,2% de sua população, percentual insatisfatório para o governo Merkel frente a chegada da variante Delta.

Nesta semana, a Alemanha decidiu abolir os testes gratuitos de Covid-19 a partir de outubro para evitar que as pessoas continuam a usar o teste, em vez da vacina, como forma de provar que não estão contaminadas e acessar ao passaporte sanitário.