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Governo da Holanda renuncia após escândalo envolvendo ajudas sociais

O primeiro-ministro liberal da Holanda, Mark Rutte, confirmou a renúncia de seu governo nesta sexta-feira (15) devido a um escândalo no qual milhares de famílias foram injustamente acusadas ​​de fraude em ajudas sociais para seus filhos. O premiê admitiu que o sistema "falhou terrivelmente".

O governo holandês, liderado pelo primeiro-ministro liberal Mark Rutte, renunciou nesta sexta-feira (15)
O governo holandês, liderado pelo primeiro-ministro liberal Mark Rutte, renunciou nesta sexta-feira (15) REUTERS - PIROSCHKA VAN DE WOUW
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Um relatório de inquérito parlamentar publicado em dezembro estabeleceu que os funcionários puseram fim aos benefícios de milhares de famílias injustamente acusadas de fraude entre 2013 e 2019, antes de forçá-las a devolver retroativamente os benefícios recebidos ao longo de vários anos. Em alguns casos, esse montante chegou a dezenas de milhares de euros.

Alguns pais de família, que acabaram em ruína financeira após terem de devolver os benefícios ao Estado, também foram alvo de investigação porque eram “estrangeiros”, embora tivessem dupla nacionalidade.

Os principais líderes políticos, incluindo vários ministros em exercício, são acusados ​​de ter preferido fechar os olhos aos problemas no sistema de que tinham conhecimento.

"O jogo termina aqui", disse Rutte, em uma entrevista coletiva após uma reunião de crise de seu gabinete, em Haia. A coalizão de centro-direita no poder era composta por quatro partidos. O premiê disse que discutiu a situação com as siglas aliadas e que chegaram à conclusão que a responsabilidade no escândalo era conjunta, de todos. "Por isso, acabei de oferecer ao rei a renúncia de todo o gabinete", informou.

Conhecido como sovina, Rutte assumiu o poder em 2010 e era um dos líderes há mais tempo no poder na Europa. "O Estado de direito deve proteger seus cidadãos de um governo todo-poderoso, e aqui isso deu terrivelmente errado", admitiu. A renúncia do governo ocorre apenas dois meses antes da data prevista para a realização de eleições na Holanda. O país luta contra os crescentes casos de coronavírus.

Rutte disse que o gabinete permanecerá no papel de "cuidador" da Holanda até a votação, prevista para 17 de março. Ele prometeu que fará "o que for necessário, no interesse do país". "Nossa luta contra o coronavírus continua", concluiu Rutte.

Premiê bloqueou plano de recuperação da UE

Em julho do ano passado, Rutte bloqueou a aprovação do plano de € 750 bilhões de recuperação pós-pandemia da União Europeia durante várias semanas. Na época, ele liderou um grupo de cinco países do norte da Europa – Holanda, Áustria, Dinamarca, Suécia e Finlândia –, que se opunham à concessão de verbas aos países mais afetados pela pandemia sem mecanismos rígidos de contrapartida. O plano acabou sendo aprovado após uma maratona de reuniões.

Popular em seu país, Rutte sempre foi descrito pela imprensa europeia como um homem "sério e simples", defensor da disciplina orçamentária. O premiê vai de bicicleta para o trabalho e limpa seu gabinete após as reuniões. "Rutte é um pão-duro que vai contra tudo e contra todos", criticou na época o jornal francês Libération. 

(Com informações da AFP)

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