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Mutação de coronavírus bloqueia caminhoneiros e pode prejudicar abastecimento no Reino Unido

Centenas de caminhoneiros continuam bloqueados em engarrafamentos quilométricos no sul da Inglaterra nesta terça-feira (22), aguardando a decisão da União Europeia (UE) para poder voltar a circular dentro do bloco. Vários países europeus suspenderam as conexões aéreas, ferroviárias ou marítimas com o Reino Unido após a aparição de uma nova variante do coronavírus. 

Uma viatura de polícia circula entre o engarrafamento de caminhões bloqueados em uma rodovia em direção ao porto de Dover, no sul da Inglaterra, nesta terça-feira (22).
Uma viatura de polícia circula entre o engarrafamento de caminhões bloqueados em uma rodovia em direção ao porto de Dover, no sul da Inglaterra, nesta terça-feira (22). JUSTIN TALLIS AFP
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A Comissão Europeia recomendou nesta terça-feira que os Estados membros da UE autorizem a retomada das conexões com o Reino Unido para as "viagens essenciais", com o objetivo de evitar uma "ruptura nas redes de abastecimento". A recomendação, que permitirá a milhares de cidadãos europeus e britânicos retornar para suas casas, será examinada pelos embaixadores do bloco. No entanto, vários países já anunciaram que manterão suas fronteiras fechadas, como a Alemanha e a Itália, até 6 de janeiro, e a Irlanda, até 31 de dezembro.

Com a decisão de suspender a circulação de mercadorias e pessoas, as relações entre Paris e Londres foram particularmente afetadas. A França é a principal porta de entrada do Reino Unido na Europa: 80% do fluxo rodoviário britânico passa pela região norte francesa. Através de Calais e Dunkerque, 30 milhões de viajantes cruzam a fronteira todos os anos, além de 5 milhões de caminhões de carga. Utilizando o túnel sob o Canal da Mancha, que une os dois países, um trem circula a cada três minutos, enquanto as balsas fazem cerca de 50 viagens por dia. 

No entanto, desde domingo à noite (20), quando o governo francês resolveu proibir por 48 horas todas as chegadas do Reino Unido, centenas de caminhoneiros ficaram bloqueados no sul da Inglaterra. Muitos deles estão sendo obrigados a passar a noite dentro dos veículos e vários, originários de países do leste, temem que a autorização da União Europeia não saia a tempo para passar o Natal em família.

Segundo a ministra britânica do Interior, Priti Patel, 650 caminhões estão parados na rodovia que liga Londres ao porto de Dover, no sudeste da Inglaterra. Outros 800 veículos estão estacionados nos arredores. Do lado da França, quase nenhum movimento é registrado nos portos de Calais e Dunkerque, já que as balsas que levam os caminhoeiros até o país vizinho não estão funcionando.

Falta de frutas e legumes

O governo britânico teme que, se nenhum acordo for encontrado, os supermercados britânicos não sejam abastecidos a tempo para as festas de fim de ano. "É realmente preciso que as fronteiras funcionem mais ou menos normalmente a partir de quarta-feira (23) para termos certeza de que não haverá perturbações. Podemos ter falta de legumes e frutas principalmente depois do Natal", afirmou Andrew Opie, um dos responsáveis pelo British Retail Consortium, organismo que representa os distribuidores de produtos.

O temor também se acentua com o prazo da transição do pós-Brexit, 31 de dezembro, se aproximando. As negociações comerciais entre Londres e Bruxelas parecem longe de um acordo, fazendo os britânicos preverem graves perturbações no abastecimento do país.

Testes para os caminhoneiros

O governo britânico, que negocia diretamente com as autoridades francesas a permissão para a retomada do tráfego de mercadorias, afirmou nesta terça-feira que considera a possibilidade de fazer testes de Covid-19 nos caminhoneiros. 

"Estamos conversando com nossos colegas franceses e encontraremos uma solução", garantiu a ministra do Interior, Priti Patel. "Faz parte da discussão organizar testes de diagnóstico nos portos britânicos antes da saída", completou. 

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou na segunda-feira (21) que conversou com presidente francês, Emmanuel Macron, e que os dois buscavam "resolver a situação nas próximas horas". O premiê, extremamente criticado por sua gestão crise sanitária que provocou quase 68.000 mortes no Reino Unido, argumentou que o risco de transmissão pelos caminhoneiros sozinhos dentro de suas cabines é "realmente muito baixo".

De acordo com uma estimativa comunicada pelo Reino Unido à Organização Mundial da Saúde (OMS), a transmissão da nova variante do coronavírus é entre 40% e 70% superior às anteriores. Os cientistas britânicos que assessoram o governo apontaram uma transmissão maior entre crianças na comparação com outras cepas e estão trabalhando nesta hipótese para explicar sua forte propagação.

(RFI, com informações de agências)

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