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Espanha: imigração clandestina bate recorde nas Canárias, com chegada de 2 mil pessoas em um fim de semana

Cerca de 2 mil pessoas desembarcaram ilegalmente no arquipélago espanhol das Canárias neste fim de semana. O ritmo de entradas de migrantes clandestinos no país registra a maior aceleração dos últimos dez anos. A situação cria tensões na região, onde as autoridades afirmam não estarem preparadas para tamanho fluxo.

Migrantes têm temperatura verificada por autoridades ao desembarcarem ilegalmente na Gran Canaria, ilha que integra a nova rota dos clandestinos que tentam entrar na Europa.
Migrantes têm temperatura verificada por autoridades ao desembarcarem ilegalmente na Gran Canaria, ilha que integra a nova rota dos clandestinos que tentam entrar na Europa. AP - Javier Bauluz
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François Musseau, correspondente da RFI na Espanha

Os migrantes chegaram no arquipélago por meio de cerca de 40 embarcações precárias. Além dos viajantes que desembarcaram nas Canárias, pelo menos 115 pessoas foram resgatadas em alto mar e uma pessoa morreu na costa de El Hierro, na ilha do Meridiano.

As autoridades locais classificam a situação como uma tragédia humanitária, que confirma um fenômeno constatado nas últimas semanas. Segundo um balanço oficial, mais de 11 mil pessoas, vindas principalmente do norte do continente africano, da Mauritânia e do Senegal desembarcaram ilegalmente nas ilhas Canárias desde o início do ano, fugindo da crise econômica acentuada pela pandemia da Covid-19. Mas nos últimos dias, o fenômeno tem registrado uma aceleração que não era vista há mais de uma década no arquipélago.

O governo afirma que os serviços de acolhimento locais estão saturados. Cerca de mil migrantes foram colocados em um acampamento no porto de Argineguin, na Gran Canaria, provocando a ira de pescadores locais e dos moradores em geral, que protestam e exigem providências da parte do governo nacional e regional.

Alguns migrantes também foram alojados em complexos hoteleiros, vazios por causa da ausência de turistas estrangeiros. As Canárias são muitos procuradas nessa época do ano principalmente pelo turistas britânicos, que não viajam atualmente por causa da pandemia.

Rota das Canárias, uma das mais perigosas do mundo

Há alguns meses os migrantes voltaram a usar a chamada Rota das Canárias para entrar na Europa pelo Oceano Atlântico. O trajeto, considerado um dos mais perigosos do mundo, voltou a ser escolhido como alternativa após os acordos fronteiriços concluídos entre europeus e países como Líbia, Turquia e Marrocos, que tornaram mais difícil a travessia pelo Mediterrâneo, no norte do continente africano.

O compromisso firmado entre Espanha em Marrocos em 2019, por exemplo, teve como resultado concreto um endurecimento dos controles nas fronteiras do norte do país africano, levando os migrantes a buscar outras rotas menos vigiadas. Até o final de setembro, as chegadas de migrantes clandestinos nas Ilhas Canárias já haviam dobrado com relação aos números registrados em 2019.

 

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