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Linha Direta

Covid-19: Por que Bruxelas fecha bares e cafés, mas não restaurantes?

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Desde que a epidemia de Covid-19 se instalou na Europa, a Bélgica se mantém na triste liderança do país com a maior taxa de mortalidade por coronavírus no Velho Continente. Nesta semana, cafés e bares de Bruxelas foram obrigados a fechar suas portas por um mês para evitar um cenário ainda pior. Nas últimas 24 horas, mais de 3.500 novos casos foram detectados em território belga. 

Cadeiras e mesas de um bar fechado em Bruxelas, quinta-feira, 8 de outubro de 2020. Na quarta-feira, Bruxelas decidiu que todos os bares, salões de dança e cafeterias terão que fechar por um mês para combater aumento de casos de coronavírus.
Cadeiras e mesas de um bar fechado em Bruxelas, quinta-feira, 8 de outubro de 2020. Na quarta-feira, Bruxelas decidiu que todos os bares, salões de dança e cafeterias terão que fechar por um mês para combater aumento de casos de coronavírus. AP - Francisco Seco
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Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

Os clientes de bares e cafés de Bruxelas não escondem sua frustração ao comentar a nova medida em vigor contra a Covid-19. As críticas vêm principalmente da parte dos jovens, já que o consumo álcool ao ar livre em locais públicos também está proibido. 

Ao anunciar o fechamento dos cafés e bares durante um mês, até o dia 8 de novembro, o presidente da região Bruxelas-Capital, Rudi Vervoort, explicou que o problema dos cafés é o movimento excessivo de entrada e saída de clientes, além do fato de que as mesas se misturam com mais facilidade.  

Os cafés são uma instituição em Bruxelas, sobretudo para saborear as mais de 1.500 marcas de cervejas produzidas no país. A Federação das Cervejarias Belgas exigem a divulgação de estatísticas que justifiquem o fechamento dos estabelecimentos. 

Para a presidente da Federação dos Cafés na Bélgica, Diane Delen, a medida é discriminatória, uma vez que os restaurantes vão permanecer abertos. “Qual a diferença entre beber vinho e comer em um restaurante e pedir uma cerveja em uma mesa com quatro pessoas em um café?”, indagou, em uma entrevista ao canal de TV RTBF.

Segunda capital europeia com maior número de contaminações

A situação sanitária em Bruxelas é preocupante. A taxa de contaminação voltou a acelerar e o índice de propagação do vírus é de 1,24.  Este indicador deve estar abaixo de 1 para que a epidemia possa ser controlada. 

Com esta explosão de casos – mais de 3.500 nas últimas 24 horas –, Bruxelas passa a ocupar o segundo lugar no pódio das capitais europeias com maior número de contaminações, ficando apenas atrás de Madri e seguida por Paris. 

O aumento de internações por Covid-19 nos hospitais belgas coloca os profissionais de saúde sob pressão mais uma vez. Atualmente, 1.050 pessoas estão internadas com sintomas do novo coronavírus, sendo que 201 pacientes ocupam leitos nas unidades de tratamento intensivo. 

Essas estatísticas são as mais altas desde maio passado, quando o país registrava picos de mortes. Hoje, um quarto das pessoas contaminadas mora em Bruxelas. Antuérpia e Liège são as outras duas cidades com alto índice de casos no país. 

Segundo o virologista belga Marc Van Ranst, um novo “lockdown” nacional pode entrar em vigor se a curva das contaminações não descer nos próximos dez dias.

Maior taxa de mortalidade por Covid-19 no continente europeu

A pandemia de Covid-19 já provocou 10.108 mortes na Bélgica desde março passado. Este pequeno país – aproximadamente do tamanho do estado brasileiro de Alagoas –,  com apenas 11.5 milhões de habitantes, registrou 137.868 casos, 20.943 internações e realizou 3.5 milhões de testes, de acordo com o instituto de saúde pública Sciensano. 

O novo primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, justificou a imposição das novas medidas como sendo “a única maneira de proteger as pessoas mais vulneráveis”. 

Praticamente metade das mortes por Covid-19 na Bélgica aconteceu nas casas de repouso para idosos. Uma das razões que explica a alta taxa de mortalidade no país é a inclusão sistemática de mortes suspeitas no balanço em hospitais, e principalmente nos asilos.

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