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Pobreza extrema deve voltar a subir em 2020, aponta Banco Mundial

Entre 88 e 115 milhões de pessoas podem cair na extrema pobreza em 2020, em consequência da crise provocada pela Covid-19, aponta o Banco Mundial. Enquanto a expectativa inicial era de redução desse índice, a pandemia aumentou o grupo daqueles que viverão com apenas US $ 1,90 por dia, menos do que o preço de um café em um país avançado.

Além da pandemia de Covid-19, mudanças climáticas devem piorar a situação de pobres no mundo.
Além da pandemia de Covid-19, mudanças climáticas devem piorar a situação de pobres no mundo. © REUTERS/Adnan Abidi
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As previsões da instituição, com sede em Washington, têm piorado à medida que a epidemia avança e sua duração se prolonga. O Banco Mundial estima que a economia tenha uma retração de 5,2% em 2020, a maior queda do PIB em 80 anos.

"A redução da pobreza sofreu seu pior revés em décadas, após quase um quarto de século de declínio constante da pobreza extrema em todo o mundo", resume o Banco Mundial em um relatório sobre pobreza divulgado nesta quarta-feira (7).

150 milhões até 2021

O número de pessoas que vivem em extrema pobreza deve continuar a aumentar para chegar a 150 milhões de pessoas, até 2021. Oito em cada dez novos pobres estarão em países de renda média.

“Os novos pobres são mais urbanos, com melhor educação e menos propensos a trabalhar na agricultura do que aqueles que viviam em extrema pobreza antes da Covid-19”, destacam os autores do relatório, publicado antes das reuniões de outono do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para medir a pobreza, o Banco Mundial também usa outros dois indicadores para países de renda média. “Três forças convergentes estão na origem deste aumento da pobreza global que ameaça estender seus efeitos em um futuro distante: Covid-19, conflitos armados e mudanças climáticas”, explica o presidente do Banco Mundial, David Malpass, no prefácio do relatório.

A pobreza extrema deverá afetar entre 9,1% e 9,4% da população mundial, em 2020. Os novos pobres são oriundos dos setores de serviços, construção ou indústria, acrescenta o relatório. É “um retrocesso”, lamenta a instituição de Washington, especificando que, em 2017, a taxa subiu para 9,2%. Sem o choque global causado pela crise da saúde, esse número deveria ter caído para 7,9% neste ano.

Os autores do relatório, incluindo o economista Samuel Freije-Rodriguez e o sociólogo Michael Woolcock, compilaram dados registrados entre 2015 e 2017, mostrando que 52 milhões de pessoas conseguiram sair da pobreza, marcando uma desaceleração na pobreza.

O documento mostra que grande parte dos "novos pobres" estará concentrada em países que já tinham altos índices de pobreza. A África subsaariana é "uma região que pode abrigar cerca de um terço da população recentemente empobrecida pela Covid-19".

Embora os moradores das cidades sejam cada vez mais afetados, os pobres permanecem principalmente rurais, jovens e com baixa escolaridade. “Quatro em cada cinco pessoas que vivem abaixo da linha internacional de pobreza residem em áreas rurais, embora essa população represente apenas 48%” do total, detalha o relatório.

Em 2018, crianças com menos de 15 anos representavam a metade dos pobres, embora essa faixa etária contribua apenas um quarto da população mundial.

Questão climática deve acentuar problema

De acordo com o Banco Mundial, os efeitos da crise atual certamente serão sentidos na maioria dos países até 2030. Porém, outros desafios deverão ser enfrentados.

Novas estimativas indicam que até 132 milhões de pessoas podem cair na pobreza até 2030, devido aos múltiplos efeitos do clima. Assim, a meta de reduzir a taxa de pobreza global para menos de 3%, até 2030, "é mais difícil do que nunca de se alcançar", lamenta David Malpass.

Desigualdade

Em estudo publicado em Paris, a organização internacional Oxfam destaca que antes da pandemia, "nenhum país do mundo fazia o suficiente para lutar contra as desigualdades".

"Embora a Covid-19 tenha sido um alerta, muitos países ainda não estão agindo", acrescenta a entidade, observando que isso está ajudando a "alimentar" a crise e aumentar a vulnerabilidade das pessoas que vivem na pobreza, especialmente as mulheres.

(Com informações da AFP)

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