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Com mulheres na linha de frente, novo protesto em Belarus tem dezenas de prisões

Dezenas de manifestantes foram presos pela polícia em Belarus neste domingo (30), durante mais um grande protesto contra a reeleição do presidente Alexandre Lukachenko, no poder desde 1994. A manifestação, a terceira expressiva desde o pleito em 9 de agosto, ocorreu sob um robusto esquema de segurança em Minsk, incluindo militares fortemente armados e sem identificação.

Mulheres realizaram marcha por Minsk no sábado (29) e, neste domingo, também estão na linha de frente dos protestos em Minsk.
Mulheres realizaram marcha por Minsk no sábado (29) e, neste domingo, também estão na linha de frente dos protestos em Minsk. © via REUTERS -
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As mulheres estavam em peso na marcha pelas ruas da capital, inspiradas pela líder opositora Svetlana Tikhanovskaia, candidata derrotada no pleito e exilada na Lituânia. Na véspera, cerca de mil mulheres já tinham desfilado pela cidade contra os resultados da eleição.

O movimento de contestação inédito contra Lukachenko se iniciou após o anúncio da vitória do presidente, com 80% dos votos. A oposição atribui a reeleição a fraudes e promove atos de contestação cotidianos desde então. Belarus não organiza eleições consideradas livres desde 1995.

Neste domingo, a polícia, apoiada com caminhões lançadores de jatos de água e grades enormes para afastar os manifestantes, cercou a praça da Independência e seus arredores, no centro de Minsk.

Esportistas contra Lukachenko

Para reforçar a pressão, mais de 300 esportistas de alto nível, entre eles medalhistas olímpicos e integrantes de seleções do país, assinaram uma carta aberta na qual denunciam as fraudes na eleição e pedem a realização de uma nova votação. O texto pede ainda o fim das violências policiais e a libertação dos prisioneiros políticos.

Os signatários ressaltam que serão solidários uns aos outros, se algum sofrer represálias por concordar com a carta. Neste caso, afirmam, podem até se recusar a participar de competições representando o país.

Neste sábado (29), véspera de mais um dia de grandes protestos, as autoridades bielorrussas retiraram o credenciamento de vários jornalistas da imprensa estrangeira, inclusive das maiores agências de notícias do mundo, como AFP, AP e BBC. Estados Unidos, França e Alemanha condenaram a medida.

O porta-voz da diplomacia bielorrussa, Anatoli Glaz, disse que a decisão foi tomada de acordo com a recomendação da comissão interministerial de combate ao extremismo e ao terrorismo. Já Tikhanovskaia viu na medida “mais um sinal de que o regime está em bancarrota moral e tenta se apegar ao poder apenas pelo medo e a intimidação”.

Nas maiores manifestações anteriores, em 13 e 23 de agosto, cerca de 100 mil pessoas foram às ruas da capital para denunciar o resultado da eleição, apesar das pressões e ameaças das autoridades do país. Foram os dois maiores protestos já vistos na história de Belarus, considerado a última ditadura da Europa.

Putin parabeniza Lukachenko por aniversário

Desde o início do movimento, jornalistas bielorrussos e estrangeiros são alvo de pressões, a cobertura pela imprensa independente está limitada e a rede de internet sofre interrupções no país. A União Europeia, que não reconhece os resultados das eleições e prepara novas sanções contra altos funcionários bielorrussos, pede que Lukashenko dialogue com a oposição. O presidente, até o momento, recusa qualquer concessão e denuncia um complô ocidental para derrubá-lo, para enfraquecer sua aliada Rússia.

O presidente russo, Vladimir Putin, demonstrou apoio moderado a Lukashenko: disse que Moscou estaria disposta a intervir no país se os protestos saírem de controle, mas também pediu ao governo e à oposição para negociarem.

Putin e Lukashenko conversaram neste domingo (30) por telefone. O presidente russo parabenizou o bielorrusso por seu aniversário de 66 anos. Um comunicado divulgado pelo Kremlin acrescentou que Putin prometeu “o reforço da aliança russo-bioelorrussa e o desenvolvimento da cooperação em todas as áreas”.

(Com informações da AFP)

 

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