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Católicos da Polônia aprovam confessionário pelo sistema de drive-thru e fazem filas nas igrejas

As dioceses da Polônia, um dos países com o maior número de católicos praticantes na Europa, encontraram um meio de manter os ritos da Páscoa, apesar das recomendações do governo para os poloneses evitarem sair às ruas por causa da epidemia do coronavírus. Os padres estão recebendo a confissão dos fiéis por um sistema de "drive-thru" instalado nos estacionamentos das igrejas.

O papa Francisco celebrou o Caminho da Cruz na Sexta-feira Santa, diante da praça de São Pedro totalmente vazia, no Vaticano.
O papa Francisco celebrou o Caminho da Cruz na Sexta-feira Santa, diante da praça de São Pedro totalmente vazia, no Vaticano. AFP PHOTO / VATICAN MEDIA
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Thomas Giraudeau, correspondente da RFI em Varsóvia

Para os católicos fervorosos da Polônia, as festividades da Páscoa são mais importantes que o Natal. O período em que se celebra a crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo é também o momento em que eles costumam se confessar. Neste ano, como as igrejas estão fechadas entre os horários das missas, os padres instalaram confessionários a céu aberto, sentados em cadeiras ou bancos nos estacionamentos das paróquias. O motorista chega com o carro e relata seus pecados por trás da janela do veículo, respeitando as regras de segurança sanitária.

A reportagem da RFI encontrou a católica Natália na fila de entrada do estacionamento de uma grande igreja de Varsóvia. Os carros enfileirados lembravam a espera para comprar sanduíches nos "drive-thru" das redes de "fast food".

"É claro que é estranho, foge do habitual, mas é fantástico que exista essa possibilidade. Eu ficaria estressada se tivesse de ir a um confessionário tradicional, por causa do coronavírus. Aqui, estamos ao ar livre. Realmente, foi uma das melhores soluções encontradas", opinou Natália.  

Rafal, um pai de família, também não abriu mão de se confessar nesta Páscoa. Ele conta que não se sentiu incomodado pelo olhar dos outros que aguardavam sua vez de se aproximar do padre. "Achei a distância suficientemente segura. Diante da situação que presenciamos hoje, os padres foram até criativos. A confissão é fundamental na semana da Páscoa. É muito bom podermos cumprir com este dever", afirmou.

Vaticano modernizou sacramento

O padre Bartosz Kuczmarski, sorridente, estava entusiasmado com a afluência dos praticantes. Em apenas quatro horas, ele ouviu 50 fiéis aliviados de cumprir o rito. "Temos um estacionamento enorme na frente de igreja; melhor utilizá-lo dessa maneira", destacou. Para o padre Kuczmarski, a fórmula é um sucesso porque a confissão pela internet ou por telefone continua proibida.

O religioso não vê diferença entre esse modo de sacramento despojado e uma confissão tradicional, geralmente feita numa cabine instalada à distância dos olhares curiosos, num canto discreto da igreja. "As pessoas vêm para se liberar de seus pecados e receber o reconforto de Deus. Ao mesmo tempo, compreendo que muita gente possa se sentir constrangida de falar dessa maneira, face a face com o padre", ressalta.

Nos confessionários antigos, padre e penitente ficam em compartimentos separados e falam um com o outro através de uma grade ou tela de orifícios discretos. As conversas são normalmente sussurradas e, muitas vezes, o padre fica de lado para o fiel permanecer anônimo e mais à vontade. Porém, desde o Concílio Vaticano II, as regras mudaram para facilitar este sacramento, e a confissão face a face foi autorizada.

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