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Linha Direta

Itália: contra coronavírus, governo fecha escolas pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial

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A decisão inédita do governo da Itália em cancelar as aulas em todo o país até 15 de março para frear a epidemia de Covid-19 alterou a rotina de milhares de italianos que, da noite para o dia, se viram obrigados a reorganizar a vida familiar. A medida afeta 8,5 milhões de italianos.

O professor universitário de Química Luca De Gioia grava sua aula em uma sala de aula vazia para transmiti-la online para seus alunos da Universidade Bicocca em Milão, Itália.
O professor universitário de Química Luca De Gioia grava sua aula em uma sala de aula vazia para transmiti-la online para seus alunos da Universidade Bicocca em Milão, Itália. REUTERS/Guglielmo Mangiapane
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Os italianos estão se organizando diante do fechamento de creches, escolas e universidades até que as primeiras ajudas financeiras prometidas pelo governo, na ordem de € 7,5 bilhões, comecem a chegar. Outra medida é garantir ausências justificadas no trabalho, para funcionários públicos ou privados, que tenham filhos menores de idade. Em Roma, após o decreto do governo, a prefeita Virginia Raggi dispensou todo o pessoal de creches e escolas de infância.

Aurora Bertuccelli, 49 anos, professora em uma creche municipal, foi dispensada do trabalho. Mãe de gêmeas de três anos, para ela o primeiro dia em casa foi "difícil e cansativo". Aurora é a favor do fechamento das escolas como medida de contenção do vírus. "Acredito que todo e qualquer meio adotado para erradicar o vírus e superar esta pandemia seja válido. É um momento histórico muito crítico e para superá-lo cada um de nós deve fazer sua parte com seriedade e bom senso", afirmou.

Francesca Lana, mãe de duas meninas que frequentam outra creche municipal, disse que é a favor da medida para conter o Covid-19, mas que a decisão só surtirá efeito “se todos usarem o bom senso, sem psicoses”. Segundo ela, "o primeiro dia sem aulas transcorreu bem, mas talvez porque seja justamente somente o primeiro dia, então ainda não sentimos o peso dessa situação que não vai durar pouco. Hoje, os avós paternos que não vivem em Roma vieram para nos ajudar, mas na semana que vem estaremos sozinhos e vamos ter que usufruir da ausência justificada no trabalho”, disse Francesca.

Martina Masi, professora de ioga, que também tem um filho que frequenta uma creche municipal. Ela disse que “após o delírio inicial comum a todos” este é um “momento de grande partilha entre os pais”. No primeiro dia de creche fechada, ela teve que desmarcar aulas porque a baby-sitter estava com febre, mas nem por isso desanimou: “Acredito que as crianças vão aprender o lado positivo desta situação, vão aprender a parar um pouco, algo que nos últimos anos era considerado uma perda de tempo", diz.

"Penso que seja uma boa ocasião para olhar para dentro e ensinar outras coisas aos nossos filhos”, declarou Martina. A medida de fechar escolas que vale para toda a Itália desde esta quinta-feira (5), já está em vigor há quase três semanas na Lombardia, em Piemonte e no Vêneto. Por lá, as aulas online já são uma realidade e professores, incentivadas pelo ministério da Educação, continuam a seguir o calendário de estudos de modo virtual.

Em Roma, muitas escolas e universidades ainda estão se adequando à nova determinação. Samuele Bertucelli, 17 anos, é aluno o Instituto Náutico Colonna e nesta quinta-feira (5) seus pais receberam a comunicação da escola que na próxima segunda-feira terão início as aulas online, inclusive com deveres e provas.

“Creio que seja uma boa iniciativa, mas somente se as aulas forem sérias”, afirmou Samuele, que neste período sem aulas tem ajudado o pai no trabalho. Já nas universidades italianas, como a presença física nas aulas não é obrigatória, a não ser para lições práticas em laboratórios, o plano de estudos não deve ser afetado, contudo o período de provas pode atrasar e, por consequência, as datas de formatura previstas para março e abril e poderão sofrer alterações.

Conteúdo online

Todavia, universidades como a de Bolonha e a Federico II de Nápoles estão disponibilizando online grande parte do conteúdo de estudos para os cursos de graduação e mestrado. “Sei que é uma decisão de impacto”, afirmou a ministra da Educação, Lucia Azzolina sobre o cancelamento das atividades didáticas presenciais. “Espero que os alunos retornem o quanto antes à escola e me comprometo a fazer com que o serviço público essencial, mesmo a distância, seja fornecido a todos os nossos estudantes”, declarou.

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