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Conferência de Segurança

EUA anunciam US$ 1 bilhão de investimentos no leste da Europa para restringir influência da Rússia

O secretário de Estado americano, Mark Pompeo, anunciou neste sábado (15) durante a 56ª Conferência de Segurança de Munique, no sul da Alemanha, que os Estados Unidos vão investir US$ 1 bilhão em projetos no setor de energia em países do leste e do centro da Europa, para reforçar a independência energética dos europeus diante da Rússia.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, anuncia investimentos na Europa durante a Conferência de Segurança de Munique, neste sábado (15).
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, anuncia investimentos na Europa durante a Conferência de Segurança de Munique, neste sábado (15). REUTERS
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Moscou é o principal fornecedor de petróleo bruto e gás natural da União Europeia (UE). Com frequência, o governo russo utiliza essa dependência dos europeus em energia para obter vantagens ou simplesmente chantagear o bloco.

"Como um sinal de apoio à soberania, prosperidade e independência energética de nossos amigos europeus (...) os Estados Unidos pretendem conceder até US$ 1 bilhão em financiamento aos países membros da Iniciativa dos Três Mares", que reúne 12 países membros da UE, explicou o chefe da diplomacia americana. "Queremos galvanizar o investimento do setor privado na área energética para proteger a liberdade e a democracia em todo o mundo", acrescentou.

A “Iniciativa dos Três Mares” reúne países banhados pelos mares Báltico, Adriático e Negro. Essa área se estende da Estônia e Polônia ao norte, à Croácia ao sul e à Romênia e Bulgária ao leste. Seu objetivo é fortalecer a cooperação entre seus membros nas áreas de energia, infraestrutura e segurança, em especial em relação à Rússia, que muitos consideram uma ameaça direta. Assim como os Estados Unidos, esses países contestam o projeto do gasoduto Nord Stream 2, que visa dobrar as entregas diretas de gás natural russo na Europa Ocidental, passando sob o Mar Báltico para chegar à Alemanha, contornando o leste do continente.

O governo americano adotou sanções contra empresas associadas à construção do Nord Stream 2, acreditando que esse oleoduto aumentará a dependência dos europeus do gás russo e, assim, fortalecerá a influência de Moscou.

Pompeo rebate críticas de europeus sobre “egoísmo nacionalista”

Ao discursar na conferência em Munique, Pompeo rejeitou as críticas feitas na véspera pelo presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, que condenou a postura “nacionalista e egoísta” da administração de Donald Trump. O chefe de Estado alemão não tem poder executivo, mas sua voz é respeitada no país. Pompeo rebateu a fala de Steinmeier e afirmou que o Ocidente estava "ganhando" contra a China e a Rússia. Para o americano, essas e outras críticas semelhantes ouvidas nos últimos anos "não refletem a realidade".

"Tenho o prazer de informar que a ideia de que Aliança Atlântica [Otan] está morta é muito exagerada", acrescentou Pompeo, desta vez alfinetando o presidente francês, Emmanuel Macron, que declarou em várias ocasiões que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) vive em estado de “morte cerebral”. Entre outras decisões que afetam os interesses e a segurança dos europeus, Trump cortou em novembro do ano passado parte do financiamento americano à organização militar ocidental criada no final da Segunda Guerra Mundial.

O fornecimento de equipamentos e serviços de telecomunicações desenvolvidos pela empresa chinesa Huawei para a rede 5G, já acertado por alguns países europeus, foi criticado pelo ministro da Defesa americano, Mark Esper. Segundo ele, autorizar a Huawei a construir redes 5G na Europa pode “ameaçar” a Otan.

Macron lamenta enfraquecimento do Ocidente

Macron, que discursou em Munique logo depois de Pompeo, deplorou “o enfraquecimento do Ocidente”. O líder francês atribuiu essa situação à “retirada relativa” dos Estados Unidos da aliança militar ocidental, e à revisão das relações de Washington com a Europa. “Seremos cada vez mais afetados por outros projetos e outros valores”, acrescentou.

Macron disse estar "impaciente" com a falta de reação da Alemanha diante desse contexto e seus planos de reformas na UE. "Não estou frustrado, estou impaciente", afirmou o chede de Estado francês, pedindo "respostas claras" do casal franco-alemão e seus parceiros aos desafios impostos pelo distanciamento dos Estados Unidos e o desenvolvimento da China. "A chave, nos próximos anos, é avançar muito mais rapidamente nos elementos de soberania em nível europeu", como na defesa, destacou Macron.

Entre a Alemanha e a França, "temos um histórico de espera por respostas" que não aparecem em projetos europeus, lamentou. Macron se queixa com frequência da falta de reatividade da chanceler Angela Merkel às propostas apresentadas por ele para fazer da UE um bloco "poderoso" e soberano.

* Com informações de agências internacionais

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