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Alemanha/eleições

Alemanha: aliança com extrema-direita leva herdeira de Merkel a deixar presidência da CDU

A sucessora que havia sido designada por Angela Merkel, Annegret Kramp-Karrenbauer, anunciou nesta segunda-feira (10) que desistiu da candidatura ao cargo de chanceler. Ela também abandonará a presidência da União Democrata Cristã (CDU). O motivo é uma crise provocada pela aliança entre o partido e o Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita na região da Turíngia, no centro do país.

Annegret Kramp-Karrenbauer ao lado da chanceler alemã Angela Merkel, em dezembro de 2018
Annegret Kramp-Karrenbauer ao lado da chanceler alemã Angela Merkel, em dezembro de 2018 REUTERS/Fabian Bimmer
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De acordo com Annegret Kramp-Karrenbauer, "uma parte da CDU tem uma relação pouco clara com a AfD", mas também com o partido de esquerda radical Die Linke (A Esquerda). Ela rejeita qualquer aliança com as duas formações. A presidente da CDU, conhecida pelas iniciais AKK, acrescentou que "não tem o objetivo de ser candidata à chancelaria alemã."

Durante uma coletiva, ela explicou que continuaria na liderança do CDU até a designação de seu substituto. Annegret Kramp-Karrenbauer declarou que continuará a ser ministra da Defesa até o fim de sua candidatura. Ela deverá organizar no entre junho e setembro o processo seletivo da candidatura à chancelaria, que deve ocorrer até 2021.

“Ela pediu demissão simplesmente porque ela não conseguia comandar seus correligionários e não era uma boa chefe de partido. Ela era contestada por sua autoridade há meses”, diz o pesquisador Johann Chapoutot, do Instituto Universitário da França, ouvido pela RFI. De acordo com ele, “o fracasso de Annegret Kramp-Karrenbauer e “a indignidade moral da CDU da Turíngia” também constituem um “fracasso para Angela Merkel. O futuro do partido em nível federal, diz, depende da “definição clara de uma linha política.”

Autoridade limitada

Annegret Kramp-Karrenbauer, foi eleita presidente da CDU em dezembro de 2018, após Merkel decidir renunciar ao comando do partido por conta das sucessivas derrotas eleitorais e o sucesso da extrema-direita nas urnas. Ela nunca foi considerada como uma unanimidade dentro da legenda e recebeu críticas pela aliança entre a CDU e a AfD na Turíngia. Esse pacto entre os dois partidos impediu a reeleição do presidente de esquerda da região.

Dentro do partido, a líder foi criticada pela incapacidade de unir adversários e partidários de uma cooperação com o partido de extrema-direita, principalmente nos estados do leste. O escândalo de Turíngia quebrou um tabu na história política alemã do pós-guerra: a rejeição a qualquer tipo de colaboração com a extrema direita pelos partidos tradicionais.

A decisão de AKK significa uma nova distribuição de cartas no jogo pela sucessão de Merkel, que está no poder desde 2005, e deixa o campo aberto para o grande rival de ambas, Friedrich Merz. Defensor de um movimento à direita para recuperar parte dos eleitores que migraram para a AfD, Merz perdeu por poucos votos a eleição para a presidência do partido, em dezembro de 2018. O político de 64 anos acaba de renunciar a um controverso emprego em um fundo de investimentos e afirma estar disponível para dedicar-se à CDU.

Segundo o correspondente da RFI em Berlim, Pascal Thibault, um candidato de centro, mais consensual, também teria chances de obter o cargo. Trata-se de Armin Laschet, presidente da região Renânia do Norte-Vestfália.

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