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Imigração

Premiê grego alerta para uma nova onda de migrantes e refugiados na Europa

"A Europa deve se preparar para uma possível nova onda de migrantes e refugiados", advertiu nesta quarta-feira (16) o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis. Seu país se tornou novamente este ano a principal porta de entrada de clandestinos no bloco.

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, teme um nova onda migratória em seu país, que se tornou novamente a principal porta de entrada de refugiados no bloco europeu.
O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, teme um nova onda migratória em seu país, que se tornou novamente a principal porta de entrada de refugiados no bloco europeu. REUTERS / Alkis Konstantinidis
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Cem dias após ter assumido seu cargo, Mitsotakis elevou o tom contra os países do bloco que se negam a receber migrantes em seu território. "Tem que haver consequências para aqueles que escolhem não participar neste exercício de solidariedade europeia", afirmou o primeiro-ministro conservador. Sem citar nomes, ele advertiu ao Parlamento grego que pedirá "sanções específicas" contra as nações que não contribuírem no acolhimento dos refugiados.

Com mais de 70.000 solicitantes de refúgio na Grécia, dos quais cerca de 33.000 apenas nas ilhas do mar Egeu próximas à Turquia, Mitstotakis classificou de "inaceitável o enfoque de muitos países-membros (da UE), que consideram que não é seu problema". "Temos entre 3.000 e 4.000 menores (de idade) não acompanhados na Grécia. Não seria muito difícil para os países europeus assumirem uma parte dessa carga", afirmou.

As declarações foram feitas na véspera de uma reunião de cúpula da União Europeia (EU), em Bruxelas, que deve durar dois dias. Durante seu "primeiro" conselho europeu, o líder do partido de direita Nova Democracia, eleito em 7 de julho para suceder a esquerda de Alexis Tsipras, prometeu pautar "a questão da repartição da carga" migratória.

"Não podemos evitar. A Grécia não pode se ocupar desse problema sozinha", insistiu. "Observando o número (de migrantes) que atravessaram o mar Egeu neste verão em comparação com o passado, estamos enfrentando um problema de proporções graves", acrescentou o chefe de governo.

Mais de 46.000 migrantes já desembarcaram na Grécia

Em 2019, mais de 46.000 migrantes chegaram à Grécia, segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). O país recebeu este ano mais refugiados que Espanha, Itália, Malta e Chipre juntos.

Mesmo se o país ainda está muito longe do milhão de refugiados que desembarcaram em seu território em 2015, esse fluxo relança na Grécia a questão da infraestrutura para receber os migrantes. Os centros de acolhimento já superlotados das ilhas do Egeu não conseguirão suportar uma nova onda migratória provocada pela ofensiva turca na Síria.

Nesse sentido, Mitsotakis condenou com firmeza a "incursão" da Turquia no território sírio porque cria "um novo polo de instabilidade que pode criar uma nova pressão migratória" na Europa, advertiu.

"Chantagem" de Erdogan

Consultado sobre a ameaça do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de "abrir as portas" aos 3,6 milhões de migrantes no território turco em resposta às críticas europeias pela ofensiva na Síria, Mitsotakis julgou "inaceitável" que a "Europa possa ser objeto de uma chantagem".

"Atravessamos uma fase de grandes turbulências e devemos frear a tempestade", afirmou o primeiro-ministro, avaliando que a execução dessa ameaça deteriorará ainda mais as relações UE-Turquia. "O comportamento de Ancara torna ainda mais complicada a gestão do problema migratório", lamentou Mitsotakis. "A UE foi generosa com a Turquia (nos termos do acordo bilateral de março de 2016 sobre o controle de fluxos migratórios). Não acho que a Turquia o reconheça plenamente", acrescentou.

Mitsotakis pediu "tecnologia" para ajudar a identificar os barcos carregados de migrantes antes que estes partam da costa turca e reforço da Frontex, a agência europeia de controle das fronteiras externas do bloco, além de uma reflexão sobre o que a instituição "pode e não pode fazer" no Egeu. O governo grego já previu devolver cerca de 10.000 migrantes para a Turquia até 2020. "Quando não se é elegível para o refúgio, deve ser reenviado para a Turquia", conforme prevê o acordo UE-Ancara de março de 2016, lembrou o premiê grego.

(Com informações da AFP)

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