Suécia: atletas de 24 países correm e nadam de sapato em prova que nasceu de uma aposta entre amigos
No arquipélago da capital sueca, 320 atletas de 24 países participaram nesta segunda-feira (2) do campeonato mundial de SwimRun, um torneio esportivo radical que é considerado uma das provas de resistência mais desafiadoras do mundo. O esporte é uma combinação de corrida em trilhas com natação em águas abertas - e os participantes têm que nadar de sapato e correr com roupas de mergulho.
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Claudia Wallin de Estocolmo,
O SwimRun nasceu em 2002 num papo de bar entre amigos em Utö, uma das maiores ilhas do arquipélago de Estocolmo, a capital da Suécia. Bêbados, eles fizeram uma aposta: na manhã seguinte, nadariam e correriam entre as ilhas próximas até chegar a um hotel, onde a dupla perdedora pagaria toda a conta de pernoite, comida e bebidas. A aventura durou mais de 24 horas, e no final todos estavam cansados demais para voltar a beber.
Mas quatro anos depois, em 2006, o corredor de resistência Michael Lemmel e o amigo Mats Skots levaram a ideia do SwimRun adiante, e criaram o torneio Ötillö - que, em sueco, quer dizer “de ilha em ilha”.
Nos últimos anos, o Swimrun se tornou um fenômeno global, com quase 500 competições em diversos países - incluindo o Brasil. E como dizem os organizadores suecos, o campeonato mundial Ötillö de Estocolmo é “a mãe de todos os torneios de SwimRun”.
O SwimRun é uma versão mais radical do Aquathlon, modalidade esportiva que também envolve natação e corrida. A principal característica do SwimRun é que todo o percurso da prova é feito com o mesmo equipamento com que se começa a prova - o que significa que os atletas não podem tirar os calçados para nadar, e devem correr com roupas de neoprene.
Ou seja: ao contrário do Aquathlon, onde os participantes têm uma área específica para deixar o tênis ou sapatilha e demais equipamentos, no SwimRun eles têm que levar tudo do começo ao fim da prova.
Além disso, o SwimRun sueco envolve múltiplas transições entre a natação em águas abertas e a corrida em trilhas que são verdadeiras corridas de obstáculos: ao sair da água, o atleta precisa escalar rochas escorregadias e atravessar florestas densas e terrenos de alto grau de dificuldade.
No campeonato mundial de Ötillö, as equipes têm que nadar e correr entre 24 ilhas do arquipélago de Estocolmo. A distância total do percurso é de 75 quilômetros - sendo que dez quilômetros são feitos a nado, nas frias águas do Mar Báltico. A temperatura da água varia entre 10 e 15 graus.
No total, são 50 transições entre natação e corrida. O percurso de corrida mais longo entre as transições é de 19,7 quilômetros, e os trechos a nado entre as ilhas do arquipélago variam de cem a 1,780 metros.
A prova é realizada em duplas, principalmente por razões de segurança, em especial durante os percursos mais longos e técnicos de natação em águas abertas sujeitas a correntes. Serão no total 160 equipes, divididas em três categorias: masculina, feminina e mista.
Para participar desse desafio, os atletas usam pool buoy - uma espécie de bóia que auxilia na flutuação e permite descansar as pernas - e palmares de natação para ter mais propulsão nos braços.
Nos últimos três anos, poucas equipes alcançaram a proeza de cumprir o percurso de Ötillö em menos de oito horas. O recorde foi registrado no ano passado pela dupla sueca formada por Fredrik Axegård e Alex Flores: 7 horas, 39 minutos e 25 segundos.
Esta competição de enduro exige velocidade, resistência e estratégia. É preciso ter uma ótima condição física, e muita agilidade para entrar e sair da água.
A fim de se qualificar para o campeonato mundial na Suécia, os candidatos precisam passar por uma das etapas do circuito World Series do Ötillö, participar de sete circuitos de SwimRun em 24 meses, ou - como dizem os organizadores - simplesmente ter sorte.
Os próximos torneios de SwimRun acontecerão na Alemanha (22 de setembro), França (20 de outubro, em Cannes) e em Malta (24 de novembro).
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