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Alemanha/nazismo

Alemães enterram restos de vítimas de experiências feitas por médicos nazistas

A cidade de Berlim enterrou nesta segunda-feira (3), na presença dos descendentes, os restos das vítimas do nazismo que participaram de experiências médicas durante a Segunda Guerra Mundial. O evento aconteceu no cemitério de Dorotheestadt, na presença de um rabino e de integrantes da Igreja protestante

A cerimônia é uma iniciativa do grande hospital da capital alemã, Charité, resultado de três anos de investigação.
A cerimônia é uma iniciativa do grande hospital da capital alemã, Charité, resultado de três anos de investigação. DAVID GANNON / AFP
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"Com o enterro das mostras microscópicas extraídas naquele momento dos corpos, queremos dar um pouco de dignidade às vítimas", afirmou o diretor do hospital Charité, Karl Marx Einhäupl. A iniciativa é uma demonstração dos esforços recentes do hospital para "enfrentar o passado", destaca o memorial da Resistência Alemã, que também organiza a cerimônia.

"Muitos de seus médicos, que ocupavam cargos de direção no governo nazista, transformaram durante o período nacional-socialista, suas clínicas e institutos em locais que praticavam a medicina racial e de destruição”, completou.

Os restos dos opositores ao regime nazista que serão enterrados se resumem a 300 tecidos dispostos em lâminas de laboratório. Eles foram encontrados pelos herdeiros do médico anatomista que fazia os experimentos na época, Hermann Stieve. Os restos mortais, pouco visíveis, foram entregues em 2016 ao professor Andreas Winkelmann para uma tentativa de identificação.

"Em geral, não se consideraria que tecidos tão minúsculos mereceriam o enterro, mas neste caso a história é particular, pois eles pertenciam a pessoas que tiveram o sepultamento deliberadamente negado para que seus parentes não soubessem onde estavam", explicou Winkelmann.

Maioria das vítimas era mulher

Embora não tenha conseguido determinar exatamente a quantas pessoas pertenceram as 300 mostras, Winkelmann trabalhou a partir de 20 nomes e de algumas pistas cifradas que estabeleciam um vínculo claro com a prisão de Plötzensee, onde 2.800 pessoas foram enforcadas ou degoladas pelos nazistas entre 1933 e 1945.

A pedido das famílias, os nomes das vítimas que serão enterradas não serão divulgados. Mas foi possível saber que a maioria eram mulheres. Isto porque Hermann Stieve, que foi diretor do Instituto Universitário de Anatomia de Berlim de 1935 até sua morte, em 1952, se especializou no estudo dos efeitos do estresse e do medo no sistema reprodutivo feminino.

 

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