Acessar o conteúdo principal
Vaticano

"Ministro da Comunicação" do Vaticano se demite após polêmica envolvendo Bento XVI

O monsenhor Dario Viganò, responsável pela secretaria de Comunicação do Vaticano e encarregado de uma vasta reforma na Santa Sé, renunciou ao cargo nesta quarta-feira (21), ao ser acusado pela imprensa e conservadores de manipular uma carta de Bento XVI sobre o papa Francisco.

O monsenhor Dario Viganò renunciou ao cargo de secretário de Comunicação do Vaticano nesta quarta-feira (21).
O monsenhor Dario Viganò renunciou ao cargo de secretário de Comunicação do Vaticano nesta quarta-feira (21). REUTERS/Stringer
Publicidade

O caso veio à tona na semana passada, depois da divulgação de uma carta de Bento XVI, cujo pontificado durou de 2005 a 2013. No documento, ele se recusa a escrever um prólogo para uma série de livretos teológicos e didáticos de Francisco. O material foi publicado recentemente para marcar o quinto aniversário do papa argentino na liderança da igreja católica.

Nos primeiros parágrafos da carta, na qual Bento XVI defende a formação teológica do papa argentino, ele destaca "a continuidade entre os dois pontificados, apesar das diferenças de estilo e temperamento" entre ele e Francisco. Apresentada na véspera do aniversário da eleição do papa argentino, a carta foi percebida como um apoio ao sumo pontífice. Mas foi vista como uma espécie de provocação ao grupo conservador que resiste às reformas internas promovidas por Francisco e reivindica a volta do rigor aplicado por Joseph Ratzinger.

Para engrossar a polêmica, os meios de comunicação italianos observaram que vários parágrafos da carta de Ratzinger haviam sido omitidos, entre eles um em que o pontífice emérito se nega, por razões de "saúde e de tempo", a escrever o prólogo. Poucos dias depois, veio a público um outro parágrafo importante da carta, no qual Bento XVI explica que não aceita escrever a apresentação da série de livretos de Francisco porque entre os autores do material há teólogos alemães - em particular, Peter Hünermann - um crítico implacável de João Paulo II e de Joseph Ratzinger.

Depois de vários dias de polêmica, o Vaticano publicou uma foto da carta, mas apenas de sua primeira página, com alguns parágrafos propositalmente borrados e ilisíveis. Finalmente, depois de uma avalanche de críticas à secretaria de Comunicação, o conteúdo do documento foi divulgado na íntegra em 17 de março. O caso é considerado como um fiasco nas relações públicas da igreja católica, em um momento em que o próprio papa Francisco se lançou no combate contra as "fake news".

Pressão por renúncia

Acusando Viganò de "mentiroso e manipulador", os conservadores pressionaram pela renúncia do "ministro da Comunicação". O site Infovaticana, um dos meios de comunicação mais críticos a Francisco, liderou os protestos. A mídia italiana especula que a desistência não foi espontânea e o monsenhor teria sido obrigado a deixar seu cargo.

Em sua carta de demissão, Viganò explica ao papa Francisco que "diversas polêmicas ocorreram nos últimos dias", tendo suas ações como alvo. "Além das minhas intenções, elas desestabilizam a grande e complicada reforma que você me confiou", escreve.

Em um comunicado divulgado nesta quarta-feira (21) pelo Vaticano, o papa Francisco diz que aceita a saída do secretário de Comunicação. "Depois de ter refletido e ponderado com atenção os motivos indicado, respeito sua decisão e aceito com certa dificuldade sua renúncia", escreve o sumo pontífice.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.