Polícia britânica faz 650 prisões preventivas antes do Carnaval de Londres
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A maior festa de rua da Europa, o tradicional Carnaval do bairro de Notting Hill, em Londres, acontece nesta segunda-feira (28) em meio a um forte esquema de segurança depois dos recentes atentados na capital britânica e em outras cidades europeias. Mais de 2 milhões de pessoas são esperadas no evento, que este ano ocorre em meio ao clima de luto pelo incêndio da Torre Grenfell, que fica a poucos quarteirões do local dos desfiles.
Maria Luísa Cavalcanti, correspondente da RFI em Londres
O Carnaval de Notting Hill ocorre nesta segunda-feira (28) pouco depois de uma onda de ataques terroristas não só em Londres, mas também em Barcelona e em Manchester, entre outras cidades europeias. Mas isso não parece ter feito os londrinos desistirem da festa. A polícia britânica mobilizou 6 mil oficiais que farão o patrulhamento da região durante todo o dia. Além disso, nos principais acessos à área dos desfiles foram erguidas barreiras de concreto e a maioria dos visitantes deve ser revistada antes de entrar.
As forças de segurança esperam, assim, evitar ataques terroristas como o de Barcelona e três ocorridos neste ano aqui em Londres, em que carros em alta velocidade atropelam pedestres. Mas outra grande preocupação por aqui é com uma recente onda de ataques com ácido. Só no ano passado, foram 455 casos – o dobro do ano anterior. Neste ano, em junho e julho, a cidade viu uma série de ataques realizados em geral por jovens em motocicletas que jogam ácido em suas vítimas aleatoriamente.
O policiamento no Carnaval pretende evitar novos crimes como esses e também outros delitos mais comuns, como brigas de gangue, esfaqueamentos e tráfico de drogas. Nas últimas semanas, a polícia realizou batidas na região norte de Kensington, a parte mais pobre da subprefeitura de Kensington e onde é realizado o Carnaval. Mais de 650 pessoas suspeitas de planejarem causar algum tipo de confusão durante a festa foram detidas. No domingo, quando ocorreram os desfiles de família, a polícia prendeu mais uma centena de suspeitos.
Ecos da tragédia na Torre Grenfell
Este ano, o Carnaval também será marcado pela tragédia ocorrida na Torre Grenfell, onde pelo menos 80 pessoas morreram no incêndio de junho. A torre fica no mesmo bairro e a poucos quarteirões do local dos desfiles. O espectro da torre, que agora não passa de um esqueleto carbonizado, não é diretamente visível a partir do circuito dos desfiles. Mas não há como ignorar que a tragédia ainda afeta a vida de quem vive e trabalha naquela região.
E o que os organizadores do Carnaval querem é justamente que a tragédia não seja ignorada. No domingo, na abertura das festividades, foi realizado um minuto de silêncio e os sobreviventes soltaram pombas brancas em solidariedade às vítimas. O público aplaudiu os bombeiros que trabalharam para conter o fogo no prédio. O mesmo ato deve ocorrer nesta segunda-feira antes dos desfiles.
O Carnaval de Notting Hill é uma festa organizada historicamente pela comunidade de origem caribenha que se instalou no bairro há mais de 50 anos. Muitos dos antigos organizadores moravam ou tinham familiares morando em Grenfell e os líderes comunitários acreditam que o Carnaval é uma demonstração da resiliência dos sobreviventes.
A situação dos sobreviventes
Há poucos dias foi revelado que, segundo a subprefeitura de Kensington e Chelsea, mais de 180 famílias que ficaram desabrigadas depois do incêndio continuam alojadas temporariamente em hotéis. Outras 35 foram colocadas em apartamentos alugados pela subprefeitura. Até agora, as vítimas receberam 42% dos 18 milhões de libras vindos de doações externas desde junho.
No entanto, o governo da primeira-ministra Theresa May e as autoridades locais continuam sendo fortemente criticados pela lentidão com que estão lidando com a tragédia, pela demora em se identificar os mortos e desaparecidos, e pelo fato de hoje se saber que 228 prédios em todo o país estão em condições de baixa segurança, assim como Grenfell estava antes do incêndio.
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