Roma monta forte esquema de segurança para receber Trump

Roma está blindada para a chegada de Donald Trump na tarde desta terça-feira (23). Por motivos de segurança, cinco áreas da cidade tem acesso limitado. Estão proibidas passeatas e cartazes de oposição ao presidente americano.

Primeira viagem oficial como presidente Donald Trump passa por 5 países em 8 dias, encontros bilaterais, do rei saudita Salman ao papa Francisco, passando pelo novo presidente francês Emmanuel Macron. REUTERS/Carlo Allegri/Stefano Rellandini/File Photos

Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

Na quarta-feira (24), o encontro do presidente Donald Trump com o papa Francisco será num horário excepcional. Ele começa às 8h30, pelo horário local, e vai durar no máximo 20 minutos. O Vaticano deixou claro ao cerimonial americano que como todas as quartas-feiras o papa tem sua tradicional audiência geral, que começa às 10h na praça São Pedro, e não pode atrasar. Além disso, durante a audiência o sumo pontífice não quer que o barulho dos helicópteros perturbe os fiéis.

Nesta primeira viagem ao exterior como presidente dos Estados Unidos, Trump insistiu para encontrar o papa. Ele quer dar um caráter histórico a esta viagem reunindo-se com líderes das três religiões monoteístas. Mas não foi fácil organizar o encontro. Em dezembro do ano passado, um mês depois da eleição de Donald Trump, o embaixador americano junto a Santa Sé, Ken Hackett, apresentou sua demissão irrevogável e até agora não foi substituído.

Diferenças entre Trump e o papa Francisco

Existem vários contrastes entre Trump e Francisco. Durante a campanha eleitoral, o republicano falou que iria construir muros para impedir a entrada de imigrantes ilegais nos Estados Unidos. “Quem constrói muros não é cristão”, disse Francisco. Trump respondeu que o próprio Vaticano é protegido por muros de 30 metros de altura.

Recentemente o papa criticou a bomba lançada pelos Estados Unidos no Afeganistão. O maior explosivo não-nuclear americano foi denominado como "a Mãe de Todas as Bombas". Francisco disse que a palavra "mãe" não deve ser usada em referência a uma arma mortal. "Fiquei envergonhado quando ouvi o nome", disse o papa a uma plateia de estudantes. "Uma mãe dá vida e esta dá morte, e nós chamamos esse dispositivo de mãe. O que está acontecendo?", questionou o papa.

Divergências sobre o clima

Outra divergência é sobre o ambiente. Em 2015, o Papa Francisco escreveu a encíclica “Laudado Si” (Louvado Seja), na qual critica o consumismo e desenvolvimento irresponsável e faz um apelo ao mundo para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas. Em março, Trump assinou uma ordem executiva de desmantelamento das regulamentações ambientais promulgadas por seu antecessor Barack Obama. O Vaticano espera que os Estados Unidos não abandone o Acordo Internacional do Clima de Paris (2015), que estabelece medidas para reduzir o aquecimento global.

“ Será um encontro difícil, entre o Pontifex Maximus, o criador de Pontes, e um presidente construtor de Muros, que têm diferentes pontos de vista e visões da realidade humana e da história atual”, disse Miguel Diaz, teólogo que foi embaixador dos Estados Unidos junto à Santa Sé durante o primeiro mandato de Barack Obama.

A propósito de Obama, o ex-presidente também está na Itália passando férias com a esposa. Desde sexta-feira (19) passada Barack e Michelle estão num resort em Buonconvento, na Toscana, do amigo John Phillips que é ex-embaixador americano na Itália. Trata-se de um hotel seis estrelas com quartos que custam até € 16 mil por noite (cerca de R$ 53 mil!). O casal Obama vai embora amanhã, sem cruzar com Trump.