Ataques de Berlim reacendem debate sobre segurança na Europa

Após Paris, Bruxelas e Nice, o ataque contra a feira de Natal de Berlim na noite desta segunda-feira (19) levantou novamente o debate sobre a segurança na Europa. Com uma ameaça terrorista diversificada, as autoridades do bloco têm cada vez mais dificuldade para proteger seus cidadãos.

Álvaro Vasconcelos, pesquisador em segurança internacional Captura de vídeo

Para o ex-diretor do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia, Álvaro de Vasconcelos, o maior desafio para os países do bloco é identificar os possíveis terroristas e impedi-los de cometer ataques, principalmente por causa da diversidade dos perfis dos autores. O especialista, que também é membro da Reforma da Iniciativa Árabe, uma rede de pesquisadores de temas do mundo árabe, lembra que muitas vezes os crimes são cometidos por europeus. “É extremamente difícil, pois muitos deles são os chamados ‘lobos solitários’, pessoas que se radicalizaram em casa, muitas vezes pela internet, mas que nem sempre têm laços com organizações como o grupo Estado Islâmico”.

Mas para Vasconcelos, um dos aspectos que tornam a situação ainda mais complexa é a falta de união dos europeus, principalmente diante dos conflitos no Oriente Médio, que são parcialmente responsáveis pelos ataques recentes. Segundo ele, mesmo se a França e a Grã-Bretanha tentam se impor sobre o tema, a União Europeia, como grupo, está enfraquecida em termos de segurança interna. “É inconcebível que haja uma guerra, nas dimensões do conflito sírio, que acontece nas fronteiras com a Europa, e que os europeus não tenham qualquer influência, que seja na procura de uma solução diplomática ou na busca da proteção humanitária das vítimas da guerra”, critica. Para ele, “a Europa precisa voltar a ser um ator de política externa de segurança credível, coerente e com meios para intervir”.