Europa tenta pela segunda vez pousar módulo espacial em Marte

A Europa tenta nesta quarta-feira (19), pela segunda vez, realizar um pouso em Marte. A operação visa testar a capacidade do continente de pousar um módulo de maneira segura no planeta vermelho, 13 anos depois das desventuras do pequeno robô Beagle 2. De modo simultâneo, a sonda científica russo-europeia TGO (Trace Gas Orbiter) deve ser colocada na órbita marciana, uma ação delicada que exige grande precisão.

O módulo Schiaparelli, desenvolvido pelo Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC), em Darmstadt (Alemanha). ESA-Muirhead/Reuters

Se tudo der certo, a sonda deverá entrar na atmosfera marciana às 12h42 pelo horário de Brasília, a uma velocidade de 21.000 km/h. O pouso deve ocorrer seis minutos mais tarde. Esse pequeno intervalo de tempo é descrito pelos engenheiros do Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC), em Darmstadt (Alemanha), como os seis "minutos de terror".

Segundo o diretor do módulo de pouso, Thierry Blancquaert, o clima em Marte não é excelente. "Há tempestades de poeira. Mas nada dramático. Não atrapalha. Não é inquietante", disse.

Schiaparelli deve frear, primeiro graças a um escudo térmico e depois com um paraquedas. No fim, nove retrofoguetes serão acionados. Perto do solo, os motores serão desligados. Schiaparelli terá então velocidade nula e fará uma pequena queda livre de um ou dois metros. O impacto final deve acontecer às 12h48 e será amortecido por uma estrutura especial destinada a proteger a sonda.

Depois de uma viagem de sete meses, TGO e Schiaparelli se separaram no domingo. Ao partir, o módulo tinha 577 kg de massa. Com 2,40 metros de diâmetro, a cápsula lembra vagamente uma piscina inflável para bebês.

Aventura espacial de alta precisão

A sonda e o módulo de pouso Schiaparelli constituem o primeiro episódio da ExoMars, uma ambiciosa missão científica entre a Rússia e a Europa, dividida em duas etapas (2016 e 2020) e que pretende buscar indícios de vida atual e passada em Marte.

A sonda deve orbitar a atmosfera de Marte para detectar rastros de gases como o metano, que poderia indicar a presença de uma forma de vida atual no planeta. Pouco mais de uma hora e meia antes do pouso, os captores começarão a registrar uma série de dados.

Esta é a segunda vez que a Europa tenta conquistar Marte. Em 2003, a sonda Mars Express lançou o pequeno módulo Beagle 2, de concepção britânica, mas o robô nunca deu sinais de vida. Os cientistas sabem desde 2015 que ele pousou, mas estava danificado. Até hoje, apenas os americanos conseguiram pousar equipamentos, que funcionaram em seguida, no planeta vermelho.

Atividade intensa nos programas espaciais

Nesta quarta-feira (19), dois cosmonautas russos e um astronauta americano decolaram a bordo de um foguete Soyuz do Cazaquistão rumo à Estação Espacial Internacional (ISS). O lançamento do foguete Soyuz MS-02, que leva a bordo os russos Serguei Ryjikov e Andrei Borissenko e o americano Shane Kimbrough, aconteceu na hora prevista, às 6h05 de Brasília, na base de Baikonur, e foi considerado um sucesso.

Na noite de terça-feira, dois astronautas chineses que partiram para uma missão de um mês no espaço chegaram ao laboratório espacial Tiangong-2, onde realizarão uma série de experiências científicas. Os astronautas Jing Haipeng e Chen Dong, que partiram na segunda-feira de uma base situada no deserto de Gobi, ingressaram no laboratório Tiangong-2 (Palácio Celeste) às 20h32 Brasília, três horas após a atracação de sua nave Shenzhou-11 (Nave Divina).

Os astronautas passarão 30 dias dentro do laboratório orbital, na missão espacial mais longa para a China. A dupla realizará experiências nas áreas de medicina, biologia e física, assim como investigações sobre as tempestades solares. Esta missão tem ainda o objetivo de abrir caminho para a instalação, no prazo de seis anos, de uma estação espacial chinesa tripulada de forma permanente, exatamente quando a Estação Espacial Internacional (ISS) deixar de operar.