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Linha Direta

UE pós-Brexit: líderes europeus se reúnem na Eslováquia

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Quase três meses após o referendo que deu vitória à saída do Reino Unido do bloco europeu, conhecida como “Brexit”, líderes da União Europeia se reúnem em Bratislava, capital da Eslováquia, em busca de unidade e coesão. A criação de um comando militar comum é um dos destaques da agenda desta sexta-feira (16).

Encontro dos líderes europeus sem o Reino Unido se foca na unidade e na coesão do bloco.
Encontro dos líderes europeus sem o Reino Unido se foca na unidade e na coesão do bloco. REUTERS/Yves Herma
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Letícia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas

Nesta primeira reunião pós-Brexit, o bloco europeu vai precisar definir qual direção pretende seguir sem o Reino Unido, em um momento de extrema dificuldade para se criar consensos dentro da União Europeia (UE). Por exemplo, a delicada questão sobre as fronteiras do bloco volta à mesa de negociações. Segundo a anfitriã Eslováquia, que ocupa a presidência rotativa da UE, os países ao longo da rota dos Balcãs - um dos principais itinerários usados pelos refugiados - tem o direito legítimo de proteger suas fronteiras, já que a Europa está falhando na aplicação de uma estratégia coerente.

A idéia agrada também a Hungria, Polônia e República Tcheca, além da Áustria; mas bate de frente com a posição da Alemanha, que é contrária ao fechamento das fronteiras dentro do bloco. Isso mostra como a Europa ainda está longe do consenso para delinear uma política única sobre o tema.

Em Bratislava, não são esperados grandes avanços. Os líderes devem sobretudo focar em medidas modestas, porém simbólicas, como o envio de mais 200 soldados para reforçar a fronteira da Bulgária com a Turquia.

Destaques na agenda dos líderes

Um dos pontos altos da agenda dos líderes europeus em Bratislava será a discussão da criação de um comando militar comum, complementar à Otan, que inicialmente patrulharia as fronteiras externas do bloco. Este é um projeto antigo, que foi engavetado durante anos, e agora volta com força total. A influência dos Estados Unidos via Reino Unido ajudava a manter a questão em suspenso.

O ex-primeiro-ministro britânico, David Cameron, que era um dos grandes críticos, está fora da cena política. Cameron dizia que segurança é atribuição nacional de cada país e não da União Europeia. Esta semana, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, defendeu exatamente o contrário. Durante seu discurso sobre o estado da UE, Juncker explicou a importância de se ter mais cooperação militar e a necessidade da criação de um quartel-general único.

Berlim e Paris defendem abertamente esse novo impulso ao projeto de defesa europeia. Em Bratislava, o presidente francês François Hollande e a chanceler alemã Angela Merkel devem apresentar um documento com detalhes da organização da futura estrutura. Alguns analistas acreditam que o projeto, que não estaria subordinado à Otan, daria início ao nascimento de uma força europeia sem o domínio dos Estados Unidos.

Futuro da União Europeia sem o Reino Unido

Apesar das incertezas causadas pelo Brexit, a UE não vai ruir após a saída do Reino Unido: esta tem sido a mensagem de Bruxelas. Merkel já adiantou que o Brexit não deverá dominar a agenda em Bratislava. Para a chanceler alemã, agora é hora de pensar nas prioridades europeias e no rumo que o bloco pretende seguir. No entanto, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, deve relatar como foi o recente encontro que teve com a nova primeira-ministra britânica Theresa May.

Certamente, os líderes europeus devem reafirmar a posição do bloco, que só pretende negociar com o Reino Unido depois que o governo britânico invocar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, e assim, iniciar oficialmente o processo de divórcio. Os chefes de Estado e governo dos 27 países também devem voltar a enfatizar que só haverá acesso ao mercado único se o Reino Unido aceitar a livre circulação de cidadãos europeus. Apesar da crise, a UE é o maior bloco comercial do mundo e continua sendo bastante cobiçada pelos exportadores britânicos. 

Novidades no plano econômico

A principal iniciativa será o aumento do Fundo Europeu de Investimentos Estratégicos, que foi lançado há dois anos, para impulsionar o crescimento econômico e a competitividade do bloco. A idéia da Comissão Europeia é dobrar sua capacidade financeira para € 630 bilhões até 2022. Bruxelas pretende encorajar fundos de pensões, seguradoras e outros grandes investidores para financiarem projetos nos 27 países do bloco.

O executivo europeu também vai propôr a criação de um Fundo de Investimento para a África, destinado a atrair pelo menos € 44 bilhões, para conter o fluxo de imigrantes do continente africano para a Europa.

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