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Linha Direta

Policiais belgas pedem porte permanente de armas

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A Bélgica abriu uma investigação por tentativa de assassinato terrorista após o ataque que feriu duas policiais no último fim de semana em Charleroi, no sul do país.

Policial em frente a delegacia em Bruxelas
Policial em frente a delegacia em Bruxelas Reuters
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Letícia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas

Enquanto isso, pesquisas mostram que muitos europeus associam migrantes a riscos terroristas. A Turquia, que abriga quase três milhões de refugiados sírios, segue estremecida com a União Europeia e volta a ameaçar romper o acordo para conter o fluxo de migrantes.

Apesar de o grupo Estado Islâmico ter reivindicado a autoria do ataque contra duas policiais na cidade belga de Charleroi, o Orgão de Coordenação de Análise de Ameaças (OCAM) decidiu manter o nível 3 de alerta terrorista, numa escala de 4.

As duas vítimas não correm risco de morte. Uma das agentes, gravemente ferida, deverá ser submetida a várias cirurgias no rosto e pescoço. O agressor, morto no local do crime, era um argelino de 33 anos.

Ele tinha ficha na polícia por roubos e vivia ilegalmente no país desde 2012. O primeiro-ministro belga, Charles Michel, informou que a procuradoria federal abriu uma investigação por tentativa de assassinato terrorista.

O ataque aconteceu em frente a uma delegacia de Charleroi, a 60 km da capital Bruxelas. O sindicato dos policiais está pedindo autorização de porte de armas 24 horas por dia, mesmo quando os agentes não estiverem trabalhando.

Ligação perigosa

Pesquisas recentes mostram que a maioria dos cidadãos europeus associa refugiados a riscos terroristas, o que é uma ligação bastante perigosa.

As centenas de milhares de refugiados, que fogem da opressão e da violência, não podem por exemplo chegar à Europa por avião com um passaporte britânico ou francês, como fazem alguns terroristas.

Porém, um estudo recente do prestigioso Centro de Pesquisas Pew, de Washington, mostrou o que o europeu pensa sobre duas questões atualíssimas: refugiados e terrorismo.

A maioria dos entrevistados dos dez países analisados – Alemanha, Suécia, França, Grã-Bretanha, Itália, Holanda, Espanha, Polônia, Hungria e Grécia - acredita que a onda de refugiados na Europa aumenta o risco de terrorismo. Esse medo crescente tem sido habilmente explorado pelos partidos de extrema-direita, em forte ascensão no continente.

Em sua última edição de domingo, o jornal alemão Bild, publicou uma outra sondagem afirmando que a maioria dos cidadãos da Alemanha acredita que a União Europeia deveria romper o acordo com o governo turco para conter a crise migratória e suspender as negociações de adesão com a Turquia.

Acordo controverso

Há exatos cinco meses União Europeia e governo turco assinaram um controverso acordo para conter a crise migratória. Segundo o pacto, fortemente criticado pelas agências humanitárias, os refugiados clandestinos que chegassem às ilhas gregas seriam devolvidos ao território turco.

Consciente de seu papel crucial para retirar a pressão das fronteiras europeias, a Turquia hoje com quase três milhões de refugiados sírios, negociou com ampla vantagem. Em troca do retorno dos refugiados clandestinos, a UE se comprometeu a trazer da Turquia o número de refugiados – em situação legal - equivalente ao das expulsões.

Na época, os europeus ainda deram garantias a outras questões fundamentais para Ancara: o envio de 3 bilhões de euros adicionais para a contenção dos refugiados em território turco, a suspenção de vistos para a entrada de cidadãos turcos na UE e a retomada das negociações para adesão da Turquia ao bloco.

Relações estremecidas

Na semana passada, a Turquia voltou a ameaçou romper o acordo para conter os refugiados. Ancara deu um prazo até outubro para a União Europeia cumprir sua promessa de eliminar a exigência de vistos para seus cidadãos viajarem para o bloco europeu.

Especialistas criticam a chantagem do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Certas condições deveriam ser adotadas pelo governo turco antes de Bruxelas isentar os vistos. Ainda há cinco questões importantes que não foram resolvidas.

Entre elas, a polêmica lei antiterrorismo que Erdogan se nega a modificar. Grupos de direitos humanos afirmam que a Turquia está usando essas leis antiterroristas para silenciar jornalistas e acadêmicos que criticam o governo. Desde a tentativa de golpe militar no mês passado, o país está sob estado de emergência.

Após a prisão de 42 jornalistas turcos, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, colocou em dúvida a antiga aspiração da Turquia de se unir ao bloco europeu. Na semana passada, a Áustria pediu o fim das negociações para adesão turca à UE. Juncker respondeu dizendo que fechar a porta para a Turquia seria “um grave erro de política externa”.

Para a ONG de direitos humanos Human Rights Watch, “a Europa é refém de Erdogan e os europeus tem se omitido por medo de que o presidente turco retalie e deixe os barcos com refugiados chegarem às ilhas gregas”.

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