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Linha Direta

Otan realiza na Polônia cúpula mais importante desde fim da Guerra Fria

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Cinquenta e quatro chefes de Estado e governo, entre eles os 28 líderes Otan, se reúnem em Varsóvia para reafirmar a unidade da aliança militar e discutir as relações com a Rússia. O encontro de dois dias, que começa nesta sexta-feira (8), é considerado como o mais importante desde o fim da Guerra Fria. As consequências do Brexit na aliança militar serão também destaque da agenda na capital polonesa.

A cúpula dos países-membros da Otan será realizada em Varsóvia nesta sexta-feira e sábado, dias 8 e 9 de julho.
A cúpula dos países-membros da Otan será realizada em Varsóvia nesta sexta-feira e sábado, dias 8 e 9 de julho. REUTERS/Jerzy Dudek
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Letícia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas

Esta será a última vez que o presidente norte-americano Barack Obama participa de uma reunião de Cúpula da Otan e a expectativa é de que a aliança reafirme sua política de contenção da Rússia.

Em Varsóvia, na Polônia, os aliados do Leste Europeu, vulneráveis por fazerem fronteira com a Rússia, deverão receber a confirmação de que a Otan vai ampliar a chamada “Força de Resposta”. Esse plano de ação prevê um reforço substancial da aliança militar na região.

Pela primeira vez, desde o fim da Guerra Fria, a Otan vai enviar tropas regulares para o Leste Europeu. Moscou, cuja relação com o Ocidente tem se deteriorado, vê a decisão como um ato de agressão.

Na capital polonesa, os chefes de Estado e governo devem dar sinal verde para o posicionamento de quatro batalhões com mil soldados cada, em regime rotativo, para os três países bálticos e Polônia. Desde a anexação da Crimeia e a intervenção militar da Rússia na Ucrânia em 2014, as três repúblicas bálticas – Estônia, Letônia e Lituânia – e a Polônia vem pedindo uma presença permanente da aliança militar em seus territórios para enfrentrar qualquer ameaça russa.

Como lidar com a Rússia

Apesar do reforço das tropas nos países bálticos e na Polônia, a Otan tem assegurado que pretende continuar negociando com Moscou. Inclusive um novo encontro do Conselho Otan-Rússia está previsto para a próxima quarta-feira (13), na sede da organização em Bruxelas.

Recentemente, a chanceler alemã Angela Merkel enfatizou “que só pode haver segurança duradoura na Europa com, não contra a Rússia”. No entanto, a Rússia tem desestabilizado a Europa. A intervenção russa na Ucrânia e a anexação da Crimeia impulsionaram essa mudança de estratégia da Otan.

Nos últimos dois anos, a aliança militar multiplicou suas manobras militares e patrulhas marítimas, terrestres e aéreas no leste da Europa. As tensões se reavivaram com o avanço da segunda fase do escudo antimísseis que os EUA estão instalando, em particular na Polônia e Romênia. O presidente russo, Vladimir Putin, vê isso como uma clara ameaça e prometeu aumentar a defesa de seu país.

Esta reunião de Cúpula da Otan, que acontece 25 anos depois do fim do Pacto de Varsóvia, é marcada por simbolismo. Foi na capital polonesa que a então União Soviética selou um pacto de amizade, cooperação e apoio recíproco com os países do Leste Europeu que durou 36 anos.

Repercussão do Brexit na aliança atlântica

A Otan insiste em dizer que o Brexit não afeta a aliança militar, mas a saída do Reino Unido da União Europeia certamente deixou o continente europeu mais dividido para a alegria de Putin. Há anos o Kremlin vinha tentando criar fissuras dentro da Otan e no bloco europeu sem sucesso. A vitória do Brexit conseguiu fazer o estrago desejado por Moscou.

O Reino Unido é um aliado vital da Otan, que participa ativamente das missões internacionais e defesa de fronteiras da organização. Dias atrás, o secretário da aliança atlântica, Jens Stoltenberg, admitiu que o país é uma peça-chave no combate do terrorismo e imigração ilegal. Stoltenberg enfatizou que o risco de instabilidade iria aumentar com a saída do Reino Unido do bloco europeu.

Ao lado dos Estados Unidos, os britânicos investem mais de 2% de seu PIB em defesa. E neste contexto, o Reino Unido é a única potência nuclear da Europa junto com a França. Especialistas acreditam que o Brexit deve enfraquecer a influência da Grã-Bretanha em instituições como o Conselho de Segurança da ONU, onde é membro permanente e uma das cinco potências com poder de veto, além do G7 e Otan.

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