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Linha Direta

Populista Virginia Raggi vence 1° turno para prefeitura de Roma

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A candidata antissistema Virginia Raggi, do Movimento 5 Estrelas (M5S), venceu o primeiro turno das eleições municipais realizadas neste domingo (5) em Roma. Com a apuração praticamente encerrada, ela obteve 35,37% dos votos, contra 24,80% de Roberto Giachetti, do Partido Democrático (PD), o mesmo do primeiro-ministro Matteo Renzi.

Os italianos votaram neste domingo (5) o primeiro turno das eleições parciais para renovar importantes Prefeituras como a de Roma
Os italianos votaram neste domingo (5) o primeiro turno das eleições parciais para renovar importantes Prefeituras como a de Roma ALBERTO PIZZOLI / AFP
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Gina Marques, correspondente em Roma

Os resultados do primeiro turno confirmam que o principal adversário do Partido Democrático italiano não é mais a direita e, sim, o Movimento 5 Estrelas, o "antipartido" que se tornou a segunda força política do país. Além do sucesso em Roma, a sigla populista também registrou um avanço eleitoral importante com a candidata Chiara Appendino, em Turim. Ela ficou em segundo lugar, cerca de 10 pontos atrás do atual prefeito Piero Fassino, que recolheu 41% dos votos.

Em Roma, Virgina Raggi celebrou a vitória. "Os romanos enviam uma mensagem clara. Assistimos a um momento histórico", afirmou a advogada de 37 anos. Se vencer o segundo turno, no dia 19 de junho, ela pode se tornar a primeira mulher à frente da capital italiana.

Raggi nasceu em Roma e se veste de maneira elegante. Ela começou a fazer política há cinco anos, seduzida pelo discurso radical do M5S. A candidata costuma dizer que foi o nascimento de seu filho, Matteo, de 7 anos, que a encorajou a buscar mudanças para a capital italiana, considerada abandonada por muitos eleitores.

Durante a campanha, ela fez algumas promessas consideradas bizarras pela imprensa italiana: a permuta nos mercados romanos, instalação de teleféricos na cidade, cobrança de impostos de ciganos e o fim das fraldas descartáveis para bebês. Esta última proposta provocou debate entre ecologistas, favoráveis à medida, e feministas, contrárias. Caso seja eleita, Roma provavelmente teria que dizer adeus à candidatura das Olimpíadas de 2024, provocando a fúria das instituições desportivas e de empresas de construção.

Direita sai enfraquecida do primeiro turno

Os italianos foram às urnas para eleger prefeitos em 1.300 municípios. A votação é considerada um teste para Matteo Renzi, que convocou para outubro um referendo sobre uma ampla reforma constitucional. O premiê colocou seu cargo em jogo, caso não consiga aprovar as propostas.

A direita emerge das urnas enfraquecida. De um lado, a Força Itália busca um sucessor para seu ex-líder Silvio Berlusconi. Embora enfraquecido, Berlusconi mantém uma esfera de influência e não abre mão da política. Condenado em vários escândalos, o ex-premiê enfrenta a concorrência do partido populista e anti-imigração Liga do Norte, cujo líder, Matteo Salvini, pretende aliar todos os conservadores sob seu comando.

No ano passado, o escândalo "Mafia Capitale" ("Máfia Capital") provocou um terremoto na administração do ex-prefeito de Roma, Ignazio Marino (PD), que foi retirado do cargo. A investigação descobriu um grande esquema de associação mafiosa dentro da prefeitura, derrubando alguns membros de seu secretariado. Apesar de não estar envolvido diretamente no episódio, Marino foi questionado por ter nomeado assessores que foram mais tarde acusados de corrupção. Os romanos viram a capital abalada pela corrupção e muitos eleitores se expressaram com um voto de protesto à tradicional política dos partidos.

M5S tem programa considerado populista

O Movimento 5 Estrelas, liderado pelo humorista Beppe Grillo, se autodefine como um movimento antissistema, que pretende acabar com os partidos tradicionais. Seus integrantes propõem colocar cidadãos comuns no poder e estabelecer uma democracia direta por meio do uso da internet. A antipolítica é o ponto forte de persuasão. O M5S defende a internet gratuita para todos os italianos, medidas duras contra a corrupção, apoio a pequenas e médias empresas, limitação dos mandatos eleitorais, redução dos salários de políticos e dos subsídios concedidos aos partidos e à imprensa.

Em comparação com outros partidos europeus críticos à política tradicional, como o grego Syriza e o espanhol Podemos, com uma agenda de esquerda, o M5S é mais conservador. No mês passado, a sigla retirou seu apoio à união civil entre pessoas do mesmo sexo. Mesmo assim, o projeto foi aprovado pelo Parlamento italiano. Em 2014, Beppe Grillo também defendeu um "aperto" na concessão de vistos humanitários para refugiados.

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