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Reino Unido/ paraísos fiscais

Sem brasileiros, Londres faz cúpula anticorrupção

Líderes mundiais, ONG e instituições financeiras se reunirão na quinta-feira (12) em Londres (Inglaterra) para debater o combate à corrupção, uma cúpula que ganhou força em meio ao escândalo internacional dos "Panama Papers", sobre o dinheiro depositado irregularmente em paraísos fiscais. Quarenta países foram convidados para este encontro, junto com organizações como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Primeiro-ministro David Cameron está pressionado a aumentar combate a irregularidades em paraísos fiscais britânicos.
Primeiro-ministro David Cameron está pressionado a aumentar combate a irregularidades em paraísos fiscais britânicos. REUTERS/Stefan Wermuth
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Estarão presentes os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, do Afeganistão, Ashraf Ghani, e da Nigéria, Muhammadu Buhari, assim como o secretário de Estado americano, John Kerry. O encontro não tem brasileiros na lista de participantes oficiais.

"A corrupção é inimiga do processo e está na origem de muitos dos problemas do mundo", disse o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anfitrião da reunião, assegurando que a cúpula colocará o tema "no mais alto (nível) da agenda internacional".

Os ativistas esperam que sejam tomadas medidas concretas em resposta à indignação causada pelos "Panama Papers", que revelaram que muitos empresários e celebridades esconderam seu dinheiro em sociedades sediadas em paraísos fiscais. Uma das medidas mais pedidas é que os governos tornem públicas as listas de beneficiários dessas empresas sem transparência, usadas para movimentar dinheiro de forma discreta.

Pressão para Reino Unido aumentar combate a irregularidades

Especula-se também que Cameron anunciará medidas para combater a lavagem de dinheiro no mercado imobiliário do Reino Unido. Em Londres, por exemplo, uma organização denuncia o problema realizando uma visita guiada a grandes mansões de oligarcas russos e ucranianos, chamada "tour da cleptocracia".

Um porta-voz da Downing Street disse que os participantes na cúpula se comprometerão, na declaração final, "a expor a corrupção onde ela for descoberta, punindo quem a cometer, a facilitar ou quem for cúmplice". O jornal The Times explicou que o comunicado final deve ser suavizado depois que alguns países se opuseram a uma passagem que afirmava que "não haverá impunidade para os corruptos".

O ministério das Relações Exteriores russo, que estará representado na cúpula com o vice-ministro Oleg Syromolotov, já informou que o acordo final não poderá ser vinculante. Robert Barrington, diretor-executivo da ONG Transparência Internacional, pediu que Cameron "não ceda". "O primeiro-ministro criou uma plataforma para os governos que levam a sério o combate à corrupção, agora cabe aos outros demonstrar que compartilham a mesma ambição", disse.

O próprio Cameron se viu atingido pelo escândalo do Panama Papers, por ter ações em um fundo de investimentos criado nas Bahamas por seu pai. Os 11,5 milhões de documentos confidenciais do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca atraíram os holofotes para o papel dos paraísos fiscais britânicos. Mais de 113.000 das 210.000 empresas que apareciam nos documentos estavam registradas nas Ilhas Virgens Britânicas.

Economistas pedem que britânicos deem o exemplo

Em junho, o Reino Unido será o primeiro país da União Europeia e do G20 a tornar pública a lista dos beneficiários das empresas. Porém, há quem peça que se faça o mesmo com os registros de seus territórios de ultramar, obrigando-os caso seja necessário. "Se querem ser líderes, comecem limpando seu próprio quintal", disse John Christensen, do grupo Tax Justice Network.

As autoridades britânicas investigaram, entre 2004 e 2014, a aquisição de casas por £ 180 milhões no Reino Unido. A suspeita é de que o dinheiro era oriundo de corrupção, segundo a ONG Transparência Internacional, que estima que essa é "só a ponta do iceberg". A ONG Oxfam publicou na segunda-feira uma carta assinada por 300 economistas, entre eles o francês Thomas Piketty, atual nobel de Economia, pedindo o fim dos paraísos fiscais, que, segundo eles, contribuem para que a desigualdade seja perpetuada e "não têm qualquer propósito econômico útil".

A carta pede ao Reino Unido que lidere o combate "porque tem uma posição única, como anfitrião da cúpula e país que tem a soberania sobre um terço dos paraísos fiscais do mundo".

Com informações da AFP
 

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