Zona do euro se prepara para calote grego após convocação de referendo por Atenas
Os 18 países que adotam o euro prometeram fazer o que for necessário para estabilizar a área de moeda comum e disseram que estão em condições muito melhores para isso do que no ápice da crise da zona do euro, em 2011. Em um comunicado formal, os líderes do chamado eurogrupo – que se reuniram, pela primeira vez, sem a participação de Atenas - também pediram implicitamente à Grécia que adote controles de capital para estabilizar seu sistema bancário.
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Letícia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas
Após um dos dias mais tensos nas negociações entre a Grécia e Eurogrupo, os ministros das Finanças da zona do euro decidiram não prorrogar a dívida do país, que vence terça-feira, dia 30. Em uma última cartada, o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras convocou um referendo surpresa para o dia 5 de julho sobre as reformas propostas pelos credores. O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem afirmou que desta maneira, o governo grego “fechava as portas” e rompia as negociações de forma unilateral.
A reunião deste sábado em Bruxelas foi interrompida pela saída do ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis. É a primeira vez, desde que a crise começou em 2010, que o Eurogrupo prossegue um encontro sem um de seus países integrantes. A Grécia precisa evitar o calote de € 1,6 bilhão no FMI até terça, e pela primeira vez em cinco anos, pode ficar sem ajuda externa. Sem uma nova injeção de fundos, cresce o risco de o país deixar a zona do euro e sua economia entrar em colapso.
A rejeição à extensão do programa de resgate financeiro aumentou a enorme pressão nos bancos gregos, que dependem do Banco Central da Grécia para se manterem vivos. O anúncio de Tsipras sobre o referendo provocou uma corrida aos bancos. Centenas de pessoas formaram filas para sacar dinheiro em caixas eletrônicos. Os gregos estão divididos em relação ao referendo, mas há muita ansiedade e receio sobre o futuro do país.
Em Bruxelas, o Eurogrupo decidiu que para garantir a estabilidade da zona do euro, é necessário preservar o sistema bancário da Grécia de uma provável falência. Nos últimos dias, o fluxo de saída de dinheiro chegou a quase € 2 bilhões. Neste domingo, o Banco Central Europeu deve se reunir novamente para discutir como será a ajuda aos bancos gregos.
Repercussão em Atenas
O grego Varoufakis disse que a recusa em dar uma extensão "certamente afetará a credibilidade do Eurogrupo como uma união democrática de Estados membros parceiros". O Parlamento grego se reuniu para aprovar o referendo, com partidos de oposição pró-europeus se unindo para condenar a decisão e alimentando especulações de que o governo de Tsipras possa ter que renunciar, se o povo apoiar o resgate no referendo de 5 de julho.
(com informações da Reuters)
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