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Suíça/Referendo

Suíços votam contra remunerações exageradas de executivos

Os suíços aprovaram neste domingo em um referendo a adoção de um dos sistemas mais severos do mundo para controlar as remunerações dos dirigentes de empresas. As medidas preveem que os acionistas terão o direito de vetar o valor dos salários e proíbem os bônus de entrada e saída das companhias cotadas em bolsa.

Thomas Minder (centro) posa para foto junto com o comitê que trabalhou para a provação do sistema de controle das remunerações dos executivos, neste domingo 3 de março de 2013.
Thomas Minder (centro) posa para foto junto com o comitê que trabalhou para a provação do sistema de controle das remunerações dos executivos, neste domingo 3 de março de 2013. Reuters
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Segundo a Chancelaria federal, 46% dos eleitores foram às urnas para participar do referendo e 67,9% deles votaram a favor desse sistema contra as "remunerações exageradas" neste domingo, 3 de março de 2013. Cabe agora ao parlamento federal transformar esse projeto em lei.

Essa iniciativa popular federal foi lançada em 2008 pelo senador e empresário Thomas Minder. No mesmo ano, o banco UBS quase faliu devido, segundo boa parte da opinião pública, aos investimentos arriscados que geravam bônus generosos para os banqueiros. Com isso, a ideia de um sistema de controle fez sucesso junto à população e conseguiu facilmente as 100 mil assinaturas necessárias para a organização de um referendo.

"O povo suíço decidiu enviar um sinal forte aos conselhos de administração, ao Conselho federal e ao parlamento", comemorou Thomas Minder em entrevista à televisão estatal logo após o anúncio das primeiras projeções. Ele explica que sua iniciativa visa menos colocar um limite aos salários dos grandes executivos que lutar contra a lógica de curto prazo que guia a ação deles.

A raiva dos suíços contra os salários exorbitantes foi alimentada no mês passado, depois que o presidente da Novartis Daniel Vasella foi obrigado a abrir mão de uma indenização de saída que chegava a quase € 60 milhões.

Para Claude Longchamp, do instituto gfs.bern, o debate provocado pelo caso de Daniel Vasella estimulou os suíços a irem votar neste domingo.

Campanha

O lobby Economiesuisse fez campanha contra a iniciativa de Minder, argumentando que ela prejudicaria a competitividade do país. Ele apoiou uma outra proposta, que forçaria todas as empresas cotadas em bolsa a organizar uma votação entre os acionários sobre os salários dos dirigentes, mas sem que o resultado deva ser obrigatoriamente aplicado.

Os partidários do texto defendido por Thomas Minder responderam ao temor dos executivos enfatizando que a Suíça continuará atraindo os grandes grupos internacionais com seu baixo nível de impostos, sua estabilidade política e suas regras favoráveis às empresas.

Efetivamente, nada indica que com o novo direito de veto os acionário vão censurar os planos de remuneração de seus dirigentes. Entre 2009 e 2012, a oposição dos acionários às propostas de remuneração dos dirigentes das cem maiores empresas cotadas em bolsa dobrou, mas continua bastante baixa, em torno de 14%.

Diante da indignação suscitada pelos salários de certos executivos depois da crise financeira de 2008, alguns países, como os Estados Unidos e a Alemanha, também adotaram sistemas que reforçam o poder dos acionistas nesse campo, algo que ainda não existe na França.
 

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