Governo britânico anuncia orçamento marcado por austeridade

O governo britânico apresentou hoje ao Parlamento o terceiro orçamento consecutivo marcado por medidas de austeridade no país. As economias para 2013/2013 devem vir principalmente de um aumento das taxas para os ricos e dos resultados da retirada das tropas britânicas do Afeganistão.

George Osborne segura a tradicional pasta vermelha, em Londres, que traz o plano orçamentário para o ano. REUTERS/Suzanne Plunkett

Paradoxalmente, o plano orçamentário reduz a taxa de impostos sobre os salários mais altos, mas promete intensificar as receitas através de novos pagamentos previstos para os ricos. O projeto foi apresentado aos deputados pelo ministro conservador da Economia, George Osborne. Ele reafirmou sua determinação a conter a dívida e o déficit do Reino Unido, que no ano que vem deve chegar a 7,6% do PIB britânico.

O momento mais aguardado era sobre a contribuição dos ricos ao plano, num momento em que toda a sociedade faz economias para tentar dissipar os efeitos da crise econômica. Osborne anunciou a redução de entre 50 e 45% da taxa marginal de impostos sobre os salários superiores a 150 mil libras (434 mil reais) ao ano, colocada em prática quando o governo era trabalhista. Na avaliação do ministro, a taxa em vigor “atrapalha a economia britânica e a sua competitividade”.

Osborne assegurou, entretanto, que no total os ricos pagarão mais impostos graças a outras medidas, sobretudo as que evitarão a evasão fiscal do país. A decisão é bastante impopular: mais de dois terços dos britânicos são contrários à medida, de acordo com uma pesquisa publicada ontem. O líder trabalhista Ed Miliband denunciou “um orçamento milionário que esmaga a classe média”.

Para estimular o crescimento e os investimentos estrangeiros, o imposto sobre as sociedades será reduzido de 26 para 24% a partir de abril, e deve chegar a 22% em 2014. Por outro lado, o governo anunciou o aumento da renda mínima para o pagamento de impostos para 9.205 libras (26.650 reais).

Sob a pressão das agências de classificação de riscos, que ameaçam rebaixar a nota do país, o governo britânico colocou as finanças públicas como uma prioridade. A previsão de crescimento da economia do país neste ano é de apenas 0,8%.

Já a retirada das tropas britânicas do Afeganistão, prevista para ocorrer no final de 2014, deve gerar uma economia de 2,4 bilhões de libras (6,9 bilhões de reais). Uma parte deste valor (100 milhões de libras) será destinada à melhoria das habitações e das indenizações para as famílias de soldados.