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Portugal/Crise

Depois da Grécia, Portugal ameaça zona euro

Mais do que um efeito dominó, a crise na economia grega revela as dificuldades de outros países europeus, como Portugal, que já sente os efeitos da instabilidade na zona euro. A dívida pública se intensifica no país e antecipa uma crise social que corre o risco de se agravar com o aumento do desemprego.

Monumento em homenagem a Dom João I, em Lisboa, foi pichado com pedidos de emprego.
Monumento em homenagem a Dom João I, em Lisboa, foi pichado com pedidos de emprego. Reuters
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Ana Rita Cunha, colaboração para a RFI

Com um déficit público recorde de 9,4% do Produto Interno Bruto (PIB), o governo português tenta convencer os investidores que a crise em Portugal difere do caos financeiro grego. Para tranquilizar o mercado, nesta quarta-feira o primeiro-ministro José Socrates informou que várias medidas previstas no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) em 2011 serão antecipadas para este ano.

Para o economista José Sousa Andrade, da Universidade de Coimbra, a crise em Portugal mostra que o país não se recuperou da crise financeira mundial de 2008 e 2009. "Os agentes econômicos se deram conta de que nós não temos poupança" afirma. "Nós nos endividamos, o Estado fez gastos além do orçamento e com um cenário economico ruim, a dívida publica aumentou", explica Andrade.

O governo português terá dois trabalhos pela frente: acalmar os investidores internacionais e conquistar o apoio da populaçao. Dentre as medidas anti-crise do governo português, foi previsto um congelamento salarial que provocou protestos entre os trabalhadores. Na terça-feira, 20 empresas de transporte públicos interromperam os serviços durante 24h.

O economista alerta que a situação de Portugal é complicada, já que existe o risco de crise social. "A taxa de desemprego pode aumentar, além de possíveis reduções salariais", argumenta. "Isso intensificaria o endividamento das famílias portuguesas e essa divida seria repassada aos bancos e pioraria a situaçao econômica de Portugal".

Assim como ocorre com a Grécia, os problemas econômicos portugueses trouxeram instabilidade para o mercado. Nesta quarta-feira as bolsas começaram as atividades em baixa e o euro se desvalorizou. A moeda atingiu o menor patamar em um ano em relação ao dólar durante o pregão asiático. Para José Sousa Andrade, a crise grega e portuguesa evidenciam a fragilidade da zona euro. "Nós contruímos uma moeda forte, mas alianças internas fragéis", comenta. "No momento em que os países precisaram de ajuda, a Uniao Europeia se mostrou incapaz de responder a tempo".

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José Sousa Andrade, da Universidade de Coimbra entrevistado por Ana Rita Cunha.

 

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