Moda adaptada aos paratletas precisa se expandir mais no Brasil
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As Paralimpíadas são sempre uma oportunidade para descobrirmos, com admiração, a performance espetacular de atletas do mundo todo. E no quadro desse desempenho, em que os limites físicos são ultrapassados, os trajes também podem ser um apoio importante.
O segmento da moda inclusiva no esporte começa a crescer no Brasil mas para Marinalva de Almeida, que compete na categoria Vela Adaptada, o setor ainda não olha para os paratletas. "Temos algumas empresas que já estão com roupas adaptadas, mas que ainda precisam de apoio, precisam ser contatadas pelas federações para poder realizar esse trabalho, principalmente para os paralímpicos. Para os atletas olímpicos, qualquer traje vai atender às necessidades, adequadas para o atletismo, o ciclismo... Já para os paralímpicos, o ideal é que fosse bem personalizado, de acordo com a deficiência", diz a velajadora, que adaptou sozinha, com uma tesoura, a roupa com a qual velejou nos recentes Jogos Paralímpicos do Rio.
"Seria muito importante essas empresas se aproximarem de nós, pessoas com deficiência, para atenderem às nossas necessidades, seria muito, muito importante", analisa a bela paratleta, que também participa de desfiles de moda para grifes de trajes adaptados.
"O ideal é a roupa entrar em você"
A estilista Silvana Louro, proprietária da Equal Moda Inclusiva, se dedica hoje exclusivamente a esse segmento, tendo inclusive realizado os uniformes da delegação fluminense nas Paralimpíadas escolares do Brasil.
Ela conta que se interessou pela área ao se tornar diretora de um projeto envolvendo paratletas iniciantes e de alta performance.
"Com meu olhar de estilista comecei a ver os problemas que tinham e a conversar com eles, que falaram da enorme dificuldade que tinham com a roupa na autonomia de se vestir (...) e então comecei a pesquisar.
Silvana explica que cada roupa tem que ser personalizada. No caso das Paralimpíadas escolares brasileiras, que aconteceram no nordeste, com clima quente, ela optou por um tecido leve, mistura de fustão e algodão.
"Fizemos aberturas estratégicas para facilitar o vestir e o tirar, e essas aberturas vinham do ombro inteiro; a blusa, ela se desconstrói porque quando você abre os dois ombros até o final da manga, ela tem uma abertura enorme para passar pelo pescoço", explica, completando que "o ideal é a roupa entrar em você".
Podemos imaginar que os deficientes visuais não têm nenhuma exigência, mas não é verdade.
Para começar, as etiquetas são em braille, e quando Silvana perguntou se era importante eles saberem as cores dos trajes, eles responderam: Por que não? Por que as pessoas pensam que uma pessoa que não vê não tem interesse em saber a cor que está vestindo?
Mesmo que seja subjetivo para eles, é o empoderamento" , relata a estilista, lembrando que tudo que puder passar para o deficiente de forma que ele se sinta incluído, se sinta melhor, é válido.
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