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Linha Direta

Chile enfrenta Peru com pecha de "torcida mais homofóbica" do mundo

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O Chile enfrentará nesta terça-feira (11) o Peru, no Estádio Nacional de Santiago, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2018 na Rússia. Será uma ocasião para a torcida chilena mostrar se é capaz de driblar a classificação de "mais homofóbica do mundo", atribuída na semana passada pela Fifa. Os torcedores chilenos já foram punidos sete vezes por entoar canções preconceituosas nas arquibancadas desde o início das eliminatórias.

O comportamento dos torcedores chilenos em jogos das Eliminatórias para o Mundial de 2018 tem gerado muitas reclamações.
O comportamento dos torcedores chilenos em jogos das Eliminatórias para o Mundial de 2018 tem gerado muitas reclamações. REUTERS/Guillermo Granja
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Gabriel Toueg, correspondente da RFI em Santiago

O comportamento dos torcedores chilenos tem gerado muitas reclamações. No mês passado, até o presidente da Bolívia, Evo Morales, reclamou no Twitter e depois em uma carta enviada à Fifa pela “conduta imprópria” dos torcedores da “Roja” durante um jogo em Santiago contra a seleção do país vizinho.

A punição da Fifa na partida contra a Bolívia foi a sétima nessas eliminatórias, que começaram há um ano. É mais do que qualquer outra seleção. Ao todo foram quase US$ 165 mil em multas, mais de R$ 500 mil. E a maioria dos casos envolve canções homofóbicas entoadas nos estádios, o que vai contra o Código Disciplinar da Fifa. Além da homofobia, houve insultos racistas e xenófobos e canções com conteúdo político, como ocorreu na disputa contra a Bolívia.

No jogo ocorrido em setembro, os torcedores cantaram em coro "olê, olê, olá, quem não pula não tem mar". É uma alusão direta à disputa pelo acesso ao Pacífico, que a Bolívia perdeu depois da guerra contra o Chile no fim do século 19. A torcida chilena ainda insultou o goleiro boliviano Carlos Lampe, que ajudou a manter o empate em 0 a 0.

Como punição, nesse jogo a Fifa multou os chilenos em CHF 65 mil, o equivalente a cerca de R$ 215 mil. Além disso, a “Roja” foi a única seleção punida com a suspensão de um estádio. No caso, a disputa contra a Venezuela que estava agendada para março do ano que vem no Nacional deverá ocorrer no Monumental, também na capital chilena.

Infrações recorrentes

As outras punições ocorreram em cinco disputas em casa: além da partida polêmica contra a Bolívia, houve problemas nos jogos contra Brasil, Colômbia, Argentina e Paraguai e em dois confrontos em que o Chile atuou como visitante, no Peru e no Uruguai.

Graças ao título de "torcida mais homofóbica", o caso está sendo tratado no Chile pela imprensa como vergonha nacional, embora os chilenos minimizem o assunto. O Movimento de Integração e Liberação Homossexual, uma entidade LGBT chilena, destacou que a homofobia é parte do futebol nacional e pediu campanhas educativas e de sensibilização.  

Quem não gostou da notícia foi a Associação Nacional de Futebol Profissional do Chile. O secretário-geral da entidade, Sebastián Moreno, disse que a ideia é trabalhar para que o triste resultado não se repita no futuro. Mas ele defendeu os torcedores, alegando que o comportamento nos estádios tem melhorado muito. E se disse favorável a medidas educativas em vez de repressão.

ONG faz campanha educativa

A ONG Fútbol Más tem feito um trabalho interessante com crianças e adolescentes vulneráveis do Chile e de outros países da região. A entidade vriou o Cartão Verde, uma iniciativa para estimular o bom comportamento de jogadores e torcedores. Na Copa América, que o Chile venceu no ano passado e na edição de centenário, este ano, os cartões foram distribuídos e usados pelo público durante o hino nacional dos times visitantes. É um símbolo contra a discriminação e da campanha “A América nos Une”.

Fifa abre procedimentos disciplinares

A Fifa anunciou também a abertura de procedimentos disciplinares contra as seleções de outros seis países: Paraguai, Peru, México, El Salvador, Honduras e Croácia. O México e o Peru aparecem logo depois do Chile no ranking dos piores torcedores nas classificatórias, com cinco e três infrações, respectivamente. O Brasil recebeu apenas uma, pelo jogo contra a Colômbia de 6 de setembro, em que torcedores entoaram músicas homofóbicas. A seleção brasileira foi punida com uma multa de CHF 20 mil, cerca de R$ 66 mil, e advertência.

O pior dessa história toda é que o time que enfrenta hoje o Peru está tendo problemas também no gramado. Depois de perder do Paraguai por 2 a 1 e do Equador por 3 a 0, além de empatar na disputa polêmica com a Bolívia, o Chile está em sétimo lugar entre os times latino-americanos, com apenas 11 pontos, o que praticamente elimina a “Roja” da Copa da Rússia. O Uruguai está em primeiro lugar, com 19 pontos, seguido pelo Brasil, com 18, e pela Argentina, empatada com o Equador e a Colômbia com 16 pontos cada.

O Chile já participou de nove Copas do Mundo − 1930, 1950, 1962, 1966, 1974, 1982, 1998, 2010 e 2014. Em 1962 foi o país sede e teve o melhor resultado na história das competições: ficou em terceiro lugar, atrás do Brasil, que ganhava sua segunda Copa, e da Checoslováquia. O Brasil participou de 20 Copas.
 

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