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Tensões entre China e EUA e guerra na Ucrânia: uma oportunidade para o Brasil em Pequim?

O grupo de empresários brasileiros reunidos em Pequim afirma estar encontrando interlocutores cada vez mais interessados em aumentar as relações com Brasil, que já tem no país asiático seu principal parceiro comercial. Além da mudança na política interna brasileira ter alterado a percepção do país no exterior, o contexto geopolítico é apresentado por alguns como uma oportunidade inédita para os empresários latino-americanos.

O presidente da Apex, Jorge Viana, durante evento organizado em Pequim.
O presidente da Apex, Jorge Viana, durante evento organizado em Pequim. © Divulgação/Cebri
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Silvano Mendes, enviado especial da RFI a Pequim

Desde que desembarcaram na capital chinesa, os membros da delegação brasileira repetem que as portas da China se abriram novamente com a volta de Lula ao poder. Membros do governo e diplomatas também martelam em cada encontro com a imprensa que o clima amistoso da viagem se deve principalmente ao novo contexto político brasileiro.

“Mais de 600 pessoas, de um lado e de outro, queriam participar desse evento com os dois presidentes aqui em Pequim”, contabiliza Jorge Viana, presidente Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), que organiza boa parte da agenda da delegação na capital chinesa. “É quase inexplicável quanto prejuízo nós tivemos por conta daquilo que ocorreu nos últimos quatro anos [do governo Bolsonaro]. E agora o Brasil retoma com força”, resume o ex-governador do Acre a próximo de longa data do presidente Lula.

Viana adota o mesmo tom das declarações feitas nos dias anteriores pelo ministro brasileiro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, único membro do primeiro escalão do governo atualmente na capital chinesa – os demais adiaram a viagem após o anúncio de que o presidente não poderia viajar por razões médicas.

“Negócio é negócio

No entanto, a política nacional não parece ser a única responsável pelo otimismo da delegação. O contexto geopolítico delicado é visto por alguns como uma oportunidade para o Brasil. “Existe um tensionamento muito grande entre China e Estados Unidos e entre China e Europa, agora em guerra. Não que eu queira tirar proveito de situações ruins, mas negócio é negócio”, lançou Viana às margens do evento Diálogo China-Brasil sobre Desenvolvimento Sustentável. A conferência foi organizada em Pequim na segunda-feira (27) pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e o Center for China and Globalization (CCG), em parceria com a Associação do Povo Chinês de Amizade com o Exterior (CPAFFC).

"Não que eu queira tirar proveito de situações ruins, mas negócio é negócio"

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Jorge Viana, presidente da Apex

“Não tenho dúvidas que o Brasil, fechando o acordo Mercosul-União Europeia e construindo uma relação estratégica com a China, mexe com a geografia econômica do mundo”, vislumbra o presidente da Apex. “Se esse atrito que [a China] tem permanente com os Estados Unidos [continuar], mas se você tiver empresas chinesas, em parceria com empresas brasileiras, produzindo no Brasil, pode se vender nos Estados Unidos e pode se vender para a Europa”, explica.

Eu acho que o Brasil pode tirar grande vantagem nesse conflito que estamos vivendo no mundo hoje, principalmente fazendo a coisa certa na política externa. Parando de fazer aquilo que a gente viu o governo passado fazendo: uma relação com a China de desdém e de provocação. Essa mudança política traz muitas possibilidades”, insiste o presidente da Apex.

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