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China abre reunião dos Brics apostando no grupo como alternativa para saída de crise global

Foi aberta nesta quinta-feira (23) em Pequim a 14ª reunião de cúpula dos Brics, grupo das economias emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que reúne 42% da população mundial e é responsável por 1/4 do Produto Interno Bruto do planeta. A palavra de ordem do evento é cooperação e abertura econômica para lutar contra as crises atuais. Antes mesmo da abertura, Xi Jinping criticou a ampliação das alianças militares e defendeu o aliado Vladimir Putin.

O presidente chinês, Xi Jinping, durante discurso no âmbito da reunião de cúpula dos Brics.
O presidente chinês, Xi Jinping, durante discurso no âmbito da reunião de cúpula dos Brics. AP - Yin Bogu
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Com informações da AFP e de Stéphane Lagarde, correspondente da RFI em Pequim

É difícil saber exatamente o que está acontecendo na Dioyutai, a residência dos dirigentes estrangeiros em Pequim, que centraliza parte da organização da cúpula. Mas, segundo o Conselho chinês para a promoção de trocas internacionais, o equivalente da Câmara de Comércio chinesa, cerca de 1.000 participantes devem assistir à distância, mas também presencialmente, aos cinco seminários previstos durante o evento.

Os temas escolhidos para essa 14ª cúpula foram: reforma do sistema multilateral, retomada econômica, troca de tecnologias, luta contra as epidemias e desenvolvimento sustentável, todos tendo como pano de fundo o contexto de crise. “As pessoas estão preocupadas com o fato da economia global cair no atoleiro das crises”, declarou o presidente chinês, Xi Jinping, em um discurso na véspera da abertura.

Os organizadores do evento apresentam os Brics como uma alternativa para relançar a economia global. China e Rússia veem na cúpula uma oportunidade mostrar aos países em desenvolvimento um modelo econômico diferente do proposto pelos Estados Unidos e “seu grupinho”, segundo os temos usados pela diplomacia chinesa.

Nessa perspectiva, o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, cogitou uma possível expansão do grupo. “A China convidou o Cazaquistão, a Arábia Saudita, a Argentina, o Egito, a Indonésia, a Nigéria, o Senegal, os Emirados Árabes Unidos e a Tailândia para integrarem o diálogo dos Brics”, indicou o representante de Pequim nas redes sociais.

Segurança alimentar e guerra na Ucrânia

Já o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, insistiu na questão da cooperação em termos de segurança alimentar. “Nossas preocupações aumentaram com a Covid-19, o conflito na Ucrânia e os efeitos crescentes das mudanças climáticas”, declarou. Os ministros da Agricultura dos Brics também já haviam discutido uma estratégia sobre o assunto no mês passado.

Mas o assunto que parece dominar o encontro em Pequim é a guerra na Ucrânia e as sanções ocidentais contra a Rússia. Antes mesmo da abertura do evento, o presidente da China, Xi Jinping, alertou contra a "ampliação de alianças militares e a busca da própria segurança às custas da segurança de outros países".

O líder chinês também criticou as medidas impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia para pressionar Moscou. Sem dar detalhes, Xi Jinping disse que "as sanções são um bumerangue e uma faca de dois gumes”.

Putin: "ações egoístas"

Já o presidente russo Vladimir Putin foi mais direto e pediu nesta quinta-feira aos Brics uma cooperação maior para enfrentar a estratégia dos países ocidentais. "Apenas com base em uma cooperação honesta e vantajosa para todos poderemos encontrar uma saída para esta situação de crise que afeta a economia mundial devido às ações egoístas e imprudentes de alguns países", disse Putin no início da reunião de cúpula virtual. O presidente denunciou as tentativas dos países ocidentais de "usar mecanismos financeiros para responsabilizar todos por seus próprios erros na política macroeconômica".

Segundo Putin, os Brics poderiam contar com o apoio de "vários países da Ásia, África e América Latina, que buscam promover uma política independente". Para ele, "para que os países dos Brics assumam um papel de liderança, hoje é mais necessário do que nunca elaborar uma política unificadora e positiva, a fim de criar um sistema [mundial] verdadeiramente multipolar".

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