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China/Economia

China registra menor crescimento em 25 anos: 6,9% em 2015

A economia da China cresceu 6,9% em 2015, indicaram os resultados oficiais divulgados nesta terça-feira (19). O índice era esperado pelo mercado e confirma a desaceleração econômica no gigante asiático, que há muitos anos atua como o motor da economia mundial. O crescimento do ano passado é o mais baixo em 25 anos.

A economia da China em 2015 teve um PIB que cresceu em 6,9%.
A economia da China em 2015 teve um PIB que cresceu em 6,9%. REUTERS/China Daily ATTENTION EDITORS
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O Produto Interno Bruto (PIB) da República Popular da China do ano passado foi o menor resultado desde 1990. Há 25 anos, o avanço foi de 3,8% em um contexto de convulsão interna e isolamento internacional provocado pela violenta repressão no ano anterior do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen (Paz Celestial) de Pequim.

A contração da atividade manufatureira, a crise no setor imobiliário e a redução do comércio externo contribuíram para a desaceleração da segunda maior economia do planeta, em 2015. Os mercados ao redor do planeta estavam agitados nas últimas semanas com a perspectiva de um recuo do crescimento chinês, que em 2014 registrou alta 7,3%.

Mas hoje, os mercados reagiram bem. Na Ásia, Xangai fechou com ganhos de mais de 3% e Hong Kong de 1%. As bolsas europeias abriram e operam em forte alta.

Governo chinês minimiza o resultado

Analistas estimam que a China está em um período de estabilização e precisa de reformas. O governo chinês minimiza o resultado e diz que o modelo econômico do país é estável.

No quarto trimestre de 2015, o PIB chinês progrediu 6,8%, o que representa um leve retrocesso na comparação com o trimestre anterior (+6,9%) e o pior resultado desde a explosão da crise financeira em 2008. O setor de serviços representou 50,5% do crescimento no ano passado, superando pela primeira vez mais da metade do total, segundo a agência oficial Xinhua.
Os investimentos em bens de capital, que refletem sobretudo os gastos nas infraestruturas, aumentaram 10% em 2015, menos do que a previsão do mercado (10,2%) e em forte desaceleração.

Tanto os dados anuais como os trimestrais divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONE) estão de acordo com as expectativas dos analistas consultados pela AFP. "A economia chinesa está em processo de estabilização, mas ainda não se encontra estabilizada", disse à AFP o economista chefe do Citic Bank International em Hong Kong, Liao Qun.

As autoridades chinesas, que projetavam um avanço "por volta de 7%", atribuem a desaceleração de uma economia que há pouco tempo ostentava crescimentos de dois dígitos à "nova normalidade" de um crescimento menor, porém mais estável, baseado no consumo interno, inovação e serviços, em detrimento das indústrias pesadas, dos investimentos estimulados pelo endividamento e as exportações.

O ONE voltou a insistir nesta terça-feira nas dolorosas "transformações estruturais" em marcha: "É um período crucial no qual deveremos superar os desafios e continuar a aprofundar as reformas".

Desaceleração chinesa continuará em 2016?

"A situação em 2016 continuará sendo mais ou menos a mesma de 2015 e o crescimento econômico da China seguirá confrontado a uma situação internacional complexa e volátil", afirmou o diretor do ONE, Wang Boan, durante entrevista coletiva.

Alguns setores devem continuar sofrendo com o excesso de capacidade produtiva, mas novos elementos, como o comércio eletrônico e as energias renováveis, manterão o dinamismo, destacou Boan. "Pensamos que o crescimento econômico em 2016 permanecerá estável. Confiamos nisto", declarou.

Segundo analistas, o Partido Comunista da China deve reduzir as previsões para este ano. Eles recordam que o presidente Xi Jinping já afirmou que uma expansão do PIB de 6,5% deveria ser suficiente para responder às necessidades do país.

Impactos mundiais

Mesmo debilitado, o gigante asiático continua sendo um dos principais motores do crescimento planetário, o ator mais importante do comércio internacional e um colossal consumidor de matérias-primas.

Ao longo de 2015, os indicadores chineses permaneceram no vermelho: contração da atividade manufatureira, enfraquecimento do setor imobiliário e queda do comércio exterior. A queda dos tradicionais pilares do crescimento chinês repercutiu nas bolsas e na economia mundial.

A desaceleração teve um impacto severo nos países emergentes, como o Brasil, que se transformaram nos últimos anos em grandes fornecedores de matérias-primas para a China. "Os mercados emergentes devem estar preparados para um golpe potencialmente grave", alertou o presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens, em uma entrevista na segunda-feira (18), ao jornal britânico Financial Times. "O ajuste pode ser violento e os dirigentes políticos têm que estar preparados", completou.

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