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Chipre/Rússia

Rússia quer novo plano de resgate europeu antes de decidir ajuda a Chipre

A Rússia fez um apelo nesta sexta-feira, 22 de março de 2013, para que a União Europeia e o governo de Chipre cheguem primeiro a um acordo sobre um plano de resgate, antes de uma eventual ajuda financeira de Moscou, que tem muitos investimentos na ilha. Os dois maiores bancos do Chipre se declararam favoráveis a uma taxa sobre os depósitos bancários, enquanto o governo cipriota prepara um novo pacote de medidas a serem apresentadas aos seus parceiros europeus.

Manifestantes protestam contra os planos de resgate da União Europeia diante do Parlamento do Chipre, nesta sexta-feira, 22 de marçoç de 2013.
Manifestantes protestam contra os planos de resgate da União Europeia diante do Parlamento do Chipre, nesta sexta-feira, 22 de marçoç de 2013. Reuters
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"Nós não fechamos a porta para Chipre", garantiu o primeiro-ministro russo Dimitri Medvedev. Mas uma eventual ajuda só será possível "depois que um esquema definitivo tiver sido elaborado pela União Europeia e por Chipre enquanto país membro", acrescentou, durante uma entrevista coletiva de imprensa junto com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.

O ministro cipriota das Finanças, Michalis Sarris, partiu de Moscou na manhã desta sexta-feira sem chegar a um resultado após dois dias de negociações. Ele estava tentando obter uma flexibilização das condições do empréstimo de € 2,5 bilhões (o equivalente a R$ 6,5 bilhões) concedido por Moscou a Nicósia em 2011. O ministro também propôs aos russos investimentos nos setores bancário e energético em troca de uma ajuda.

Para os economistas, os russos correm o risco de perder bastante em caso de falência do Chipre, porque o dinheiro investido na ilha poderia desaparecer. Segundo a agência de notação financeira Moody's, os russos têm € 24 bilhões (o equivalente a R$ 62 bilhões), ou seja, mais de um terço do total depositado nos bancos cipriotas.

Mas certos analistas avaliam que esse custo ainda podia ser menos prejudicial do que dar uma ajuda com regras imprecisas.  "A Rússia vai perder dinheiro de qualquer jeito" e o governo russo corre o risco de dar a impressão "de fazer do resgate de um paraíso fiscal" uma prioridade, enquanto afirma combater a evasão de capitais, enfatizou na quarta-feira o banco americano JP Morgan.

No que diz respeito ao empréstimo de 2011, a Rússia espera uma decisão da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional antes de aceitar eventualmente de aumentar o prazo para o pagamento, atualmente estabelecido para 2016, ou de abaixar as taxas de juros.

As autoridades russas haviam ficado furiosas com o anúncio no sábado de um plano de resgate do Chipre negociado com a União Europeia que compreendia uma taxa - que depois foi abandonada - sobre os depósitos bancários na ilha.

Durante toda a semana o governo russo criticou essa condição, considerada uma medida de confisco decidida sem consultar as partes envolvidas.

Resgate

Os dois grandes bancos do Chipre, Bank of Cyprus e Popular Bank, se declararam nesta sexta-feira favoráveis a uma taxa sobre os depósitos bancários de mais de € 100 mil. As duas instituições precisam urgentemente de fundos para evitar a falência.

O governo cipriota estuda novas propostas e o parlamento deve se pronunciar em breve sobre uma série de medidas destinadas a levantar os fundos necessários para obter a ajuda crucial e evitar a falência da economia da ilha.

As agências bancárias do Chipre estão fechadas desde o último sábado e devem reabrir somente na terça-feira, devido ao temor de uma retirada em massa de fundos.

Chipre deve apresentar até segunda-feira um plano de financiamento de € 7 bilhões, uma condição exigida pelos seus parceiros europeus para desbloquear uma ajuda de € 10 bilhões que evitaria a falência do país.

Os integrantes da União Europeia já dão sinais de irritação. A chanceler alemã, Angela Merkel, alertou na manhã desta sexta-feira que não se deve "abusar da paciência dos parceiros da zona do euro", segundo deputados da sua coalizão.

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