Bolsas europeias oscilam após rebaixamento da nota de crédito da França
As bolsas europeias resistem à degradação da nota de crédito de nove países da zona do euro anunciada na sexta-feira pela agência de notação de risco Standard & Poor's (S&P). A França vai saber rapidamente se pagará mais caro pelo financiamento de sua dívida pública, com uma emissão de títulos soberanos hoje no valor de 8 bilhões de euros de vencimento a curto prazo.
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Há várias semanas economistas e analistas financeiros vinham dizendo que os mercados anteciparam o rebaixamento da nota de crédito da França, que passou de AAA para AA+ na agência S&P, assim como outros países endividados da zona do euro.
De fato, as bolsas europeias abriram no vermelho nesta segunda-feira mas logo se recuperaram, como já havia acontecido na sexta-feira. Na abertura, Paris registrou recuo de 0,24%, Madrid -0,58% e Frankfurt -005%. Em compensação, a tendência de alta já estava presente na abertura dos pregões em Londres (+0,06) e Milão (+0,03%).
As bolsas asiáticas encerraram o dia no vermelho. A bolsa de Tóquio cedeu 1,43%, Hong Kong -1% e Xangai -1,71%. Os operadores trabalham sem a habitual orientação do mercado financeiro americano, já que a bolsa de Nova York não vai funcionar hoje devido a um feriado nos Estados Unidos (em memória a Martin Luther King).
Para a França, o verdadeiro teste de fogo acontece na quinta-feira com uma emissão de obrigações com vencimento em quatro anos. Nesse momento ficará clara a diferença dos juros cobrados pelos investidores da França e da Alemanha, bem menos penalizada pelos mercados e poupada de um rebaixamento pela agência S&P.
Outra agência de notação de risco financeiro, a Moody's, informou hoje que examina a manutenção da nota máxima da França Aaa com perspectiva estável. Segundo a Moody's, a nota da França só estaria ameaçada se houver nas próximas semanas uma forte deterioração da relação entre a dívida e o PIB (produto interno bruto) do país.
Reeleição de Sarkozy fica mais difícil
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, depois de dizer que estaria politicamente 'morto' se a França perdesse o triplo A, se encontra em situação delicada. O chefe de Estado esperou o domingo para fazer um comentário sobre a decisão da agência S&P. "Eu vou falar aos franceses sobre a perda do triplo A no final do mês, quando serão anunciadas decisões importantes do que será preciso fazer sem perda de tempo", disse Sarkozy.
A menos de cem dias das presidenciais, a degradação da nota de crédito francesa teve impacto imediato nas pesquisas eleitorais, favorecendo os candidatos radicais. Segundo uma sondagem LH2-Yahoo, feita no fim de semana, Sarkozy, com 23,5% de intenções de voto no primeiro turno, perde dois pontos e meio, enquanto o opositor socialista François Hollande ainda lidera a disputa com 30%, apesar de perder um ponto e meio. Em compensação, a candidata de extrema-direita Marine Le Pen ganha três pontos e meio, alcançando 17% das intenções de voto na pesquisa LH-Yahoo e o candidato de extrema-esquerda Jean-Luc Mélenchon ganha dois pontos e aparece com 8,5% de votos.
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