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César, o Oscar do cinema francês, é marcado novamente pela ausência de mulheres

A 48ª cerimônia dos César, o prêmio da academia francesa aos melhores filmes de 2022, uma vez mais não conta com concorrentes mulheres na categoria de melhor diretor. Apesar disso, um dos longas favoritos para levar vários troféus, "La Nuit du 12", (A noite do 12, em tradução livre) surpreende por ser o primeiro thriller francês a abordar temáticas feministas.

O troféu da Academia Francesa de Cinema, feito pelo escultor César.
O troféu da Academia Francesa de Cinema, feito pelo escultor César. AFP/Archivos
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Enquanto as premiações de cinema no mundo tentam como podem compensar os anos de atraso no quesito igualdade de gênero, premiando algumas cineastas, o César continua ignorando as críticas de feministas e profissionais mulheres da sétima arte.

Nenhuma mulher foi indicada entre os cinco concorrentes para o prêmio de melhor diretor. E essa ausência feminina chama a atenção, principalmente quando uma cineasta, Alice Diop, e seu filme "Saint Omer", foi escolhida para representar a França no Oscar, após ter recebido dois prêmios no Festival de Cinema de Veneza. 

Felizmente a diretora não foi totalmente esquecida, já que aparece entre os indicados na categoria de melhor primeiro filme. Mas outras não tiveram a mesma sorte: Alice Winocour, e seu "Revoir Paris" (Rever Paris, em tradução libre), ou Rebecca Zlotowski, com "Les enfants des autres" (Os Filhos dos Outros, em tradução livre), dois longas muito bem recebidos pelo público e pela crítica, não estão na lista do César.

Apenas uma cineasta premiada

A predominância masculina na premiação não é nova. Segundo um estudo do coletivo 50/50, que trabalha pela paridade, igualdade e diversidade no cinema e no audiovisual, entre 2018 e 2022, apenas 20% dos indicados na categoria de melhor direção eram mulheres e nenhuma ganhou. 

Em 47 edições do César, apenas Tonie Marshall, em 2000, ganhou o prêmio de melhor direção por "Vénus Beauté" (Instituto de Beleza Vênus)

Em outra das principais categorias, a de melhor filme, apenas o longa "Les Amandiers" (Forever Young) é de uma cineasta, Valeria Bruni-Tedeschi (irmã de Carla Bruni)

"Essas indicações refletem uma sociedade patriarcal. Quando você pensa nos melhores filmes, inevitavelmente pensa em homens, com certeza", disse em entrevista à Franceinfo a cineasta francesa Audrey Dana.

Thriller feminista

As mulheres estão ausentes nas principais categorias da premiação, mas os temas relacionados a elas não. 

A produção de Dominik Moll, "La Nuit du 12", que obteve 10 nominações, entre elas as de melhor filme e melhor diretor, conta a história de dois policiais que investigam o assassinato de uma jovem queimada viva em plena rua. Obcecado pela investigação, um dos policiais vai, pouco a pouco, mudar sua visão da profissão, mas também, e principalmente, dos homens e do sistema patriarcal.

O longa, apresentado na seleção oficial de Cannes, teve mais de meio milhão de espectadores no cinema na França, e é considerado o primeiro filme policial francês a falar diretamente de questões feministas. 

Feminicídios, cultura do estupro, violência doméstica, slut-shaming, caça às bruxas ou sexismo ordinário, todos os temas são abordados por Moll e o roteirista Gilles Marchand, em um filme com um casting majoritariamente masculino.

Outro grande favorito da noite desta nesta sexta-feira é "L’Innocent" (O Inocente, em tradução livre) de Louis Garrel. O longa conta a história de um jovem que se desespera ao saber que sua mãe está noiva de um detento. A comédia, lançada em Cannes fora de competição, concorre em 11 categorias.

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