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Dança: em Paris, Lia Rodrigues se inspira em fábula de La Fontaine para fazer alusão ao Brasil

“Contra aqueles difíceis de agradar” é uma fábula menos conhecida do escritor francês Jean de La Fontaine, fino observador e crítico da sociedade francesa do século 17. A brasileira Lia Rodrigues se inspirou na obra para criar uma coreografia dinâmica e bem-humorada, em cartaz no Festival de Outono de Paris até 16 de outubro.

Captura de vídeo do espetáculo "Contra aqueles difíceis de agradar", de Lia Rodrigues, em cartaz em Paris.
Captura de vídeo do espetáculo "Contra aqueles difíceis de agradar", de Lia Rodrigues, em cartaz em Paris. © captura de vídeo/Théâtre de Chaillot
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Por Patricia Moribe, da RFI

O espetáculo é encenado pelas dançarinas Taís Almeida da Silva e Dandara Santos. 

La Fontaine ficou conhecido por suas “Fábulas”, escritas em três partes, entre 1668 e 1694, seguindo o estilo do autor grego Ésopo, ou seja, usando animais para descrever situações de vaidade, estupidez e agressividade humana. Entre as mais conhecidas está “A Lebre e a Tartaruga”, em que uma lebre pretenciosa perde uma corrida contra uma paciente tartaruga.

O espetáculo em Paris consiste em três curtas coreografias inspiradas em fábulas de La Fontaine: “O Lobo e o Cordeiro”, criada por Béatrice Massin, especialista em dança barroca, “Contra aqueles difíceis de agradar”, de Rodrigues, e “O Corvo e a Raposa”, de Dominique Hervieu.

Sobre a escolha do texto, a coreógrafa explica em seu site:

"Como decidir por apenas uma dentre as centenas de fábulas escritas por La Fontaine? O que sublinhar através da dança na literatura desse mestre? Temas, ensinamentos (a moral), personagens, diálogos? Nesse universo tão vasto, buscamos temas que também pertencessem ao universo de inquietações da Cia Lia Rodrigues de Danças. Não queríamos uma certeza, mas uma pergunta, de preferência, sem uma resposta possível."

A fábula leva a uma reflexão sobre o Brasil de hoje: 

"A imensidão das questões tocadas pelo autor nos permitiu encontrar pontos comuns entre a França dos Luíses, descrita e criticada pelas penas afiadas de La Fontaine, e os olhares que lançamos e que nos lançam no Brasil de hoje. Somos artistas num país dito periférico frente a países ditos centrais. Mas quem são os fortes e quem são os fracos nesses mundos? Perder ou ganhar não seria apenas uma perspectiva do olhar?"

Lia Rodrigues é uma das homenageadas pelo Festival de Outono de Paris deste ano. Além de indicar trabalhos de dez artistas brasileiros, ela também apresenta suas criações.

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