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Oscar de francês Florian Zeller por Meu Pai coroa carreira fulgurante

A França foi triplamente recompensada na 93ª cerimônia do Oscar que consagrou o filme Nomadland. O dramaturgo francês Florian Zeller, 41 anos, conquistou o Oscar de melhor roteiro adaptado por seu primeiro filme, Meu pai (The father), coescrito com o britânico Christopher Hampton. A produtora Alice Doyard foi recompensada pelo documentário Colette, sobre uma resistente francesa na Segunda Guerra, e Nicolas Becker levou a estatueta de melhor som por O som do silêncio

O dramaturgo francês Florian Zeller venceu o Oscar de melhor roteiro adaptado do filme Meu pai, que também dirigiu, inspirado na peça de teatro de sua autoria.
O dramaturgo francês Florian Zeller venceu o Oscar de melhor roteiro adaptado do filme Meu pai, que também dirigiu, inspirado na peça de teatro de sua autoria. AP - Lewis Joly
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O escritor e diretor de teatro Florian Zeller é considerado o dramaturgo francês mais encenado no mundo. Seu primeiro longa-metragem como diretor, Meu pai, magistralmente interpretado por Anthony Hopkins, 83 anos – vencedor do Oscar de melhor ator –, havia recebido seis indicações. A estatueta ficou para o roteiro adaptado da peça de mesmo nome, criada pelo parisiense em 2012.

Meu pai é o segundo tomo de uma trilogia iniciada por A mãe (La mère, do original em francês), de 2010, e concluída pelo texto O filho (Le fils), de 2018. No Brasil, a peça foi interpretada nos palcos pelo ator Fulvio Stefanini, em 2017.

A adaptação de Meu pai para o inglês, assim como o roteiro do filme, foi um trabalho a quatro mãos com o também autor, dramaturgo, diretor, ator e produtor britânico Christopher Hampton. Zeller sempre imaginou propor o papel ao legendário ator britânico Anthony Hopkins, um monumento do cinema. O primeiro encontro entre os três aconteceu em julho de 2017, depois que Hopkins já havia recebido a adaptação e sido aconselhado por seu agente a aceitar o papel. "Todos os atores que interpretaram esse personagem saíram elogiados da experiência", disseram os produtores. Para Hopkins, uma oportunidade dessas, antes do declínio fatal da idade, era uma oportunidade imperdível.

No longa, ele interpreta o personagem de Anthony, um homem que sofre de um tipo de demência em decorrência da idade avançada. Em nenhum momento do filme o Mal de Alzheimer é citado, mas a câmera registra olhares do homem que alternam variados estados de emoção: ora ele está desperto, ora o olhar é vazio, ora a confusão toma conta criando angústia na expressão, ora ele está sereno e curioso. No apartamento onde o personagem mora, em Londres, objetos aparecem, mudam de lugar e desaparecem sem explicação.  

Anthony tem uma filha, Ann, interpretada pela britânica Olivia Colman, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante. Quando ela anuncia ao pai que está de mudança para Paris com o companheiro, Anthony sofre um abalo. A partir deste momento, o roteiro de Zeller e sua direção de câmera transportam o espectador para o labirinto que se torna a mente de um homem à beira de perder a razão. Anthony alterna momentos de agressividade, cinismo, ternura e tristeza profunda.  

O filme era para ele, diz francês sobre Anthony Hopkins

Nesta manhã, já premiado com o Oscar, Zeller reafirmou em entrevista à rádio France Inter: “O desejo de fazer este filme era inseparável de fazê-lo com ele”, referindo-se a Hopkins. "Acabei de falar com ele ao telefone, ele estava muito emocionado. A aventura foi ainda mais forte porque ele realmente deu tudo de si para fazer este filme", afirmou.

Filho de mãe francesa e pai austríaco, formado em Ciências Políticas na prestigiosa universidade SciencesPo de Paris, Zeller publicou seu primeiro romance aos 22 anos e a primeira peça de teatro aos 25 (L'autre, O outro, em português). Sua carreira é uma sucessão de prêmios nacionais e internacionais 24 no total, incluindo o Oscar em 2021, além de um Goya, um Bafta e um Prêmio de Teatro da Academia Francesa. Ele costuma citar como influências em sua carreira o tcheco Milan Kundera, o americano J.D. Salinger e o britânico Harold Pinter. Zeller é casado com a atriz de TV Marine Delterme.

Sem data de estreia na França

Meu pai estreou nos cinemas americanos em 2020. Os franceses aguardam ainda uma data de lançamento na França, uma vez que os cinemas estão fechados desde setembro passado por causa da pandemia de Covid-19.

Os outros franceses premiados nesta 93ª cerimônia do Oscar foram Nicolas Becker, troféu de melhor som para O som do silêncio, que retrata um baterista de heavy metal que perde repentinamente sua audição, e o documentário em curta-metragem Colette, de Anthony Giacchino e Alice Doyard, dedicado a Colette Marin-Catherine, uma mulher de 90 anos que foi membro da Resistência sob a ocupação nazista. 

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