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Rendez-vous cultural

Paris: retrospectiva traz as mil faces da artista Cindy Sherman

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Há quase 50 anos, uma artista americana não se cansa de se recriar e de surpreender o cenário da arte contemporânea. A Fundação Louis Vuitton apresenta, em Paris, uma retrospectiva desde 1975 até os dias de hoje dos autorretratos de Cindy Sherman.

Programada inicialmente para março de 2020, a mega exposição com 171 obras foi atropelada pela pandemia e só reabriu meio ano depois, no dia 23 de setembro.
Programada inicialmente para março de 2020, a mega exposição com 171 obras foi atropelada pela pandemia e só reabriu meio ano depois, no dia 23 de setembro. © 2020 Cindy Sherman
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Nada a ver com a banalização dos selfies feitos hoje com celulares. A artista americana, de 66 anos, reconstrói imagens, a partir de si mesma, inspiradas pelo cinema, por pinturas, pela moda e pela própria fotografia.

Programada inicialmente para março de 2020, a mega exposição com 171 obras foi atropelada pela pandemia e só reabriu meio ano depois, no dia 23 de setembro.

Cindy Sherman ocupa todo o prédio da Fundação Louis Vuitton, projetado por Frank Gehry. Além da retrospectiva em si, um andar é dedicado a olhares cruzados, ou seja, obras e instalações de artistas que “dialogam” com o trabalho de Sherman, inspirando ou servindo de referências, como Andy Wharhol, Louise Bourgeois, Marina Abramovic e Annette Messager.

Photograph by American artist Cindy Sherman "Untitled #582 2016, on display at the Fondation Louis Vuitton, Paris, 23 September 2020- 3 January 2021, courtesy of the artist.
Photograph by American artist Cindy Sherman "Untitled #582 2016, on display at the Fondation Louis Vuitton, Paris, 23 September 2020- 3 January 2021, courtesy of the artist. © 2020 Cindy Sherman - Metro Pictures, New York

“Achei incrível ver em quatro andares praticamente toda a carreira de uma das maiores fotógrafas vivas”, diz a curadora independente Ioana Mello. “São fotos dos anos 1960 até os dias de hoje, imagens do acervo pessoal, trabalhos que ela fez jovem, na faculdade, até o que ela publica hoje no Instagram.”

A curadora brasileira, especializada em fotografia, destaca, como preferência pessoal, a famosa “Untitled Series”, série na qual Sherman evoca personagens do cinema, além de trabalhos recentes da artista, em que ela se transveste em homem.

Do melodrama, Cindy Sherman viaja para a moda, envergando grifes como Comme des Garçons, Jean-Paul Gaultier, Vivienne Westwood ou Dolce & Gabbana, mas sempre de maneira irreverente e desconcertante.

O olhar impiedoso ou de galhofa que revestem as imagens traduzem análises contundentes, a respeito do consumismo, da própria cultura americana e das novas mídias.

Cindy Sherman Untitled Film Still #84, 1978.
Cindy Sherman Untitled Film Still #84, 1978. © 2020 Cindy Sherman - Metro Pictures, New York

O palhaço é outra simbologia forte utilizada pela artista. “É uma máscara, quem será que se esconde por trás dela?”, se pergunta Marie-Laure Bernadac, uma das curadoras da exposição.

“Com os palhaços, ela passa a trabalhar mais com o Photoshop, os fundos são bem coloridos, fluorescentes”, explica a curadora, falando a respeito do programa de tratamento de imagem que revolucionou a fotografia – para o bem e para o mal. “Mesmo com um tema tão batido, ela consegue dar uma nova dimensão pessoal, que é a marca pessoal de Cindy Sherman”, acrescenta.

A passagem do tempo também entra em questão através do rosto da própria artista, que acompanha as tendências e posta no Instagram. “Ela conseguiu envelhecer muito bem, não só pessoalmente, pois em autorretrato você lida com a sua própria imagem, mas ela aproveitou o envelhecimento para trabalhar isso”, analisa Ioana Mello. “Ela conseguiu entender as novas mídias, criticá-las de maneira inteligente e muito bem feita”.

A retrospectiva de Cindy Sherman na Fundação Louis Vuitton de Paris fica em cartaz até 3 de janeiro de 2021.

 

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