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Pintor brasileiro expõe camponeses sem terra na França

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Gontran Guanaes Netto teve sua vida e obra marcadas pelo engajamento político e ligações com movimentos sociais. O artista plástico brasileiro, de 83 anos, é radicado na França. Ele expõe atualmente em Cachan, cidade ao sul de Paris, onde vive atualmente, um conjunto de obras reunidas na exposição Paysans (Camponeses, em português).

O Artista Gontran Guanaes Netto.
O Artista Gontran Guanaes Netto. RFI
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A mostra é um mergulho nas memórias de infância no interior de São Paulo e também das suas investigações sobre o fenômeno social dos militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Quando mataram 19 camponeses no Pará, no famoso massacre de Carajás, eu fiz um quadro em homenagem aos sem terra. Eu continuei a manter a imagem dos sem terra”, contou.

Na entrevista à RFI Brasil, Gontran lembra que os camponeses apareceram em sua pintura anos antes, quando foi convidado para uma exposição coletiva no Grand Palais, ainda na época do governo do socialista François Mitterrand (1981 a 1995).

Seu quadro “O povo da Terra dos Papagaios” foi escolhido para ser exibido no prestigioso museu à beira do Rio Sena, em Paris. “Quando subi as escadarias para levar o quadro eu disse: os camponeses ocupam o Palácio. Simbolicamente, eu comecei a estudar melhor o contexto da realidade dos sem terra”, explicou.

Neto de um trabalhador rural sem-terra, Gontran desenvolveu uma estética com cores e movimento, mas que prefere não rotular. No entanto, tem uma preocupação bastante objetiva. “Se esses camponeses persistirem na pintura, serão os herdeiros do século 20. Minha ideia era fazer uma pintura de qualidade, mas que sobrevivesse ao tempo e perdurasse na história”, afirmou.

Inicialmente, o artista refutou a ideia de montar a exposição sobre os camponeses, que ele chama de “os malditos da terra”. Após uma reflexão, voltou atrás e se envolveu com o tema até reunir a série de obras que retratassem sua visão dessa população rural.

“O trabalho ficou como eu pretendia. Se mais tarde esses quadros aparecerem como anônimos, fico até mais contente. Assim, me identifico sem culpa e me sinto como um caipira bem sucedido por ter realizado esse trabalho”, afirma.

A exposição Paysans na L’Orangerie de Cachan vai até o dia 3 de dezembro.

 

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